"O BE comunicará ao Presidente da República a sua preferência pela convocação de eleições antecipadas", indicou a líder bloquista.
Mariana Mortágua falava aos jornalistas na sede do Bloco de Esquerda, em Lisboa, numa reação à demissão de hoje do primeiro-ministro, que foi aceite pelo Presidente da República.
A coordenadora do BE defendeu que novas eleições são a "saída para a crise política" que o país atravessa neste momento, e disse que o partido está preparado para ir a votos.
Se for outro o entendimento do chefe de Estado, o partido irá respeitar essa decisão, garantiu.
Quanto à data das eleições, caso venham a ser marcadas, Mortágua assinalou que essa é uma decisão que cabe a Marcelo Rebelo de Sousa e defendeu que "o país não pode nem deve viver em crise política e o ideal é que se encontrem soluções o mais rapidamente possível".
Mariana Mortágua considerou também que "é importante que a justiça seja célere" e "esclareça rapidamente as suspeitas levantadas".
"Em democracia, não é saudável que permaneçam suspeitas desta natureza sobre um chefe de Governo, e por isso a principal responsabilidade da justiça é esclarecer todas as suspeitas levantadas acerca da atuação do primeiro-ministro", sustentou.
A líder do BE indicou também que as investigações hoje conhecidas "dizem respeito a grandes projetos económicos" que o partido "tem vindo a criticar ao longo do tempo".
Questionada se a imagem do país fica afetada, Mortágua afirmou que "o mais importante é que se possa resolver da melhor forma possível, que a democracia possa funcionar e que se encontrem soluções para o país".
"Há muitos temas e dossiês de política que são muito importantes e para os quais temos que ter soluções, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde, e são esses problemas que nos preocupam, e por isso queremos soluções rápidas", assinalou.
Mariana Mortágua afirmou também que "qualquer pessoa foi surpreendida pelo que aconteceu" e considerou que "a decisão que o primeiro-ministro tomou cabe ao primeiro-ministro".
O primeiro-ministro, António Costa, pediu hoje a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
O Presidente convocou para quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".
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