PSD e IL questionam independência de Mário Centeno como governador do BdP

PSD e IL criticaram hoje a indicação do nome de Mário Centeno para substituir António Costa na liderança de um novo executivo do PS.

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Lusa
10/11/2023 14:02 ‧ 10/11/2023 por Lusa

Política

Governo/crise

Joaquim Miranda Sarmento desafiou Mário Centeno a dizer se deu a sua anuência para que o primeiro-ministro propusesse o seu nome ao Presidente da República para lhe suceder na liderança de um novo executivo.

O social-democrata pediu ao governador que "reflita bem sobre o que deve ser o papel de independência do governador e do Banco de Portugal" e defendeu que Mário Centeno "deve ter a preocupação de preservar a instituição à qual pertence há 20 anos".

O líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, também foi crítico da solução apontada por António Costa ao Presidente da República, considerando que o futuro político de Portugal não poderia passar por "uma solução de secretaria".

"Era o que mais faltava ter uma solução à italiana", afirmou, acusando o PS de se "achar dono disto tudo".

A deputada do PAN, Inês de Sousa Real, deixou também críticas à indicação do indicação do nome de Mário Centeno, frisando que o partido foi sempre contra as chamadas "portas giratórias".

Já pelo PS, o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, defendeu que "qualquer português responsável" deve aceitar o desafio de ajudar o país.

"Se a Mário Centeno fosse pedida a liderança de um governo, a minha expectativa é que ele responsavelmente aceitasse. Dizer que, perante a circunstância que o país vive, não aceitaria o que é um trabalho em favor de todos, não me parece responsável", considerou.

Eurico Brilhante Dias apontou que, nas suas críticas, os partidos "revelam má consciência, em particular o PSD".

Lembrando a apresentação do livro de Carlos Costa sobre o seu tempo à frente do regulador bancário, o socialista afirmou que quem olhar para as "personalidades que se juntaram vê o que é verdadeiramente independência", considerando ter sido "o abraçar político-partidário da intervenção de um governador do Banco de Portugal".

Os ex-Presidentes da República Cavaco Silva e Ramalho Eanes, o antigo primeiro-ministro Passos Coelho e o presidente do PSD, Luís Montenegro, foram alguns dos presentes, bem como o líder parlamentar do PSD, antigos governante do PSD e do CDS, mas também Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças do Governo do PS chefiado por José Sócrates.

O primeiro-ministro defendeu na quinta-feira que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, deveria suceder-lhe na liderança de um novo executivo.

Segundo António Costa, o país "não merecia ser de novo chamado a eleições" e "devia aproveitar a estabilidade que existe, mudando o primeiro-ministro, mudar também o Governo, dando-lhe nova energia, alma, e Mário Centeno tinha todas as qualidades para o poder fazer".

Os partidos falavam aos jornalistas no final da conferência de líderes parlamentares, depois de o presidente da Assembleia da República ter anunciado que o parlamento vai "manter intacto" o calendário orçamental e que continuará a fiscalização do Governo, mas sem a realização de debates quinzenais com o primeiro-ministro.

O líder parlamentar do PSD apelou ao PS e ao Governo para não aprovarem "matérias que não sejam consensuais" porque, perante o anúncio de eleições antecipadas, "a legitimidade política já não é a mesma".

Quanto ao orçamento, Miranda Sarmento indicou que os sociais-democratas vão continuar a apresentar propostas de alteração e lembrou que "depende exclusivamente" os socialistas aprová-las.

O líder parlamentar do PS salientou que o Orçamento do Estado é "um bom orçamento" e "vai chegar à vida dos portugueses em janeiro". Quanto às propostas da oposição, o deputado salientou que "nunca uma maioria aprovou tantas propostas da oposição como o PS".

Eurico Brilhante Dias afirmou também que há "um conjunto de diplomas que foram votados na generalidade e devem prosseguir o processo legislativo", mas "não é de esperar novas iniciativas, a não ser aquelas absolutamente necessárias".

O líder parlamentar do Chega manifestou preocupação quanto à possibilidade de o PS "tentar aprovar" alguns diplomas que "possam pôr em causa futuro do país e indicou que o partido vai estar atento e vai "fiscalizar o Governo", apesar de manifestar a sua concordância com a não realização de debates quinzenais com o primeiro-ministro.

Pedro Pinto pediu também que a eleição de um juiz do Tribunal Constitucional que está prevista possa ser adiada para a próxima legislatura, considerando que "não faz sentido nomear à pressa alguém para um órgão tão importante".

Pela IL, Rodrigo Saraiva indicou que o partido vai decidir hoje se vai alterar a sua "estratégia de apresentar propostas cirúrgicas" de alteração, mas considerou que serão rejeitadas pela maioria: "com o PS não há esperança".

O deputado único do Livre recusou "fazer de conta que nada se passa e continuar em 'pseudo-normalidade'" e indicou que vai apresentar as propostas "que considerar urgentes".

[Notícia atualizada às 14h29]

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