O dirigente socialista Álvaro Beleza considerou, na quarta-feira, que o Partido Socialista (PS) “não tem de ter receio” das eleições antecipadas, uma vez que “tem condições para continuar a ser o maior partido português” e, inclusivamente, sair vitorioso do sufrágio de 10 de março.
“O PS não tem de ter receio de eleições, porque acho muito possível que ganhe as próximas eleições, ao contrário do que está a pensar”, começou por dizer o responsável, no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
Ainda que tenha confessado que a crise política em que o Governo socialista se vê mergulhado coloca em causa a credibilidade do PS, Beleza equacionou que o partido tem condições para “recuperá-la e ganhar eleições se apresentar um programa ambicioso, reformista para o país, e credível”.
“A única coisa que posso dizer neste momento é que o PS é grande, porque tem várias correntes, porque tem várias sensibilidades, e porque discute tudo de uma forma plural, aberta, e frontal, mas há camaradagem, há fraternidade, e trata-se bem os derrotados. Isso é muito importante. Por vezes nem sempre foi como deveria ter sido, mas o PS é a banda larga e é isso que o tornou o maior partido português. Acho que tem condições para continuar a ser o maior partido português”, complementou.
Nessa linha, Álvaro Beleza não poupou elogios ao anúncio da candidatura a secretário-geral do PS do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, que, na sua ótica, “tem feito um ótimo trabalho, é um político sensato, inteligente, moderado”.
“Tenho a melhor impressão dele, sou amigo dele. Acho que faz muito bem em se candidatar e acho positivo que haja debate interno no PS”, salientou, sublinhando que também que “Pedro Nuno Santos é um político brilhante”.
“Sou sincero, não sei se são só eles os candidatos. Acho que ainda muita água vai passar debaixo da ponte”, apontou.
Sublinhe-se que, na quinta-feira, a RTP avançou que Pedro Nuno Santos apresentará, afinal, a sua candidatura a secretário-geral do PS. De acordo com o mesmo meio, PNS tem recolhido apoios de vários dirigentes do partido, estando a ser preparado um documento de apoio à candidatura que contará com dezenas de assinaturas de atuais e antigos dirigentes do PS. O documento será divulgado nos próximos dias.
Significa isto que o atual deputado e comentador político defrontará José Luís Carneiro, que anunciou, também na quinta-feira, a sua candidatura.
Face aos acontecimentos de terça-feira, na qual o primeiro-ministro, António Costa, apresentou a sua demissão, que foi aceite, depois de o Ministério Público ter revelado que é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, Marcelo optou por dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas, a 10 de março de 2024.
Na manhã de terça-feira, as buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério Público culminaram com a detenção de cinco pessoas, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.
Por seu turno, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário", numa declaração a partir do Palácio de São Bento.
Leia Também: "Habilito-me a ser candidato a PM para garantir segurança e estabilidade"