Paulo Rangel tirou responsabilidades a Marcelo Rebelo de Sousa no caso das gémeas brasileiras operadas no Hospital Santa Maria e questionou o porquê de não se apurar o papel de outras entidades envolvidas no processo, nomeadamente do Ministério da Saúde.
O social-democrata começou por explicar, na antena da CNN, que é normal chegarem inúmeros pedidos - "de toda a sorte e género" - à presidência, o que também acontece aos deputados e ministros, sendo que o normal é este reencaminharem esses pedidos "para as entidades competentes".
"Foi o que fez Marcelo", disse Paulo Rangel, considerando que o facto de ter sido o "filho de Marcelo a enviar o email [...] acrescenta picante a esta história", mas não significa que este não devesse ser tratado.
"Mas a partir do momento em que ele manda o email para a Presidência de Ministros, António Costa também tem de explicar este trajeto. Temos que saber o que fez a ministra da Saúde, Marta Temido, o que fizeram os seus secretários de Estado, o que fez o Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, e quem foi o médico que prescreveu porque eu não acredito que tenha sido o presidente do Conselho de Administração a prescrever [o medicamento]. Alguém prescreveu", disse, considerando que existiu "uma cadeia de responsabilidade, essa sim importante" e que o Presidente da República "não pode impor nada e não o fez".
Posto isto, o eurodeputado português afirma que "não tem nada a apontar" a Marcelo e disse lamentar que "os órgãos de comunicação social se centrem no Presidente da República e não tenham uma palavra sobre o Ministério da Saúde, do Conselho de Administração ou do médico porque essas pessoas é que tiveram uma responsabilidade direta por esta situação".
Recorde-se que o nome de Marcelo Rebelo de Sousa surgiu associado ao caso das gémeas luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal que foram tratadas com Zolgensma, um medicamento que custa mais de dois milhões de euros, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A família das meninas será conhecida do filho e da nora de Marcelo Rebelo de Sousa, sendo que o chefe de Estado fez referência à situação das gémeas em e-mails que trocou com um neuropediatra, em 2019.
O Ministério Público (MP) está a investigar as suspeitas de ‘cunha’ e de favorecimento, relacionadas com o caso e que envolvem o nome de Marcelo.
Esta segunda-feira, o Presidente da República convocou uma conferência de imprensa para esclarecer a sua intervenção no caso, alegando que "não há uma intervenção do Presidente da República pelo facto de ser filho ou de não ser filho".
Na sua ótica, o que "fica claro é que o Presidente da República Portuguesa, perante uma pretensão de um cidadão como qualquer outro, dá o despacho mais neutral e igual a que deu em 'n' casos. [...] Recebi como receberia de qualquer outro e mandei a quem deveria mandar".
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