"Os tempos de serviço dos professores têm de ser respeitados. Sempre o defendemos e vamos continuar a defender. Mas é preciso fazer mais, é preciso compensar os professores deslocados de forma que possam fazer face às suas despesas, às rendas, às despesas de alojamento e às enormes distâncias que têm de percorrer. É preciso profissionalizar a profissão", disse Mariana Mortágua.
"Tanto tempo, esforço e empenho deste país democrático para dar condições de trabalho, para criar uma escola pública de qualidade, e tenta-se destruir tudo num braço de ferro que não faz qualquer sentido", acrescentou a coordenadora do BE, que falava os jornalistas após uma visita à Escola Secundária D. João II, em Setúbal.
Depois de salientar que as conclusões recentes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) "confirmam que Portugal foi incapaz de recuperar as aprendizagens depois da pandemia e que está a perder qualidade nas aprendizagens", Mariana Mortágua acusou o Governo de não ter correspondido às expectativas dos professores para poder dar resposta a estes problemas.
"Tivemos professores em luta, justíssima, justíssima, para poderem ter condições de trabalho, para poderem garantir a qualidade do ensino. E tivemos um Governo que, durante quatro anos, disse que não era possível recuperar o tempo de serviço dos professores, para o ministro da Educação, já perto das eleições, dizer agora que, afinal, até havia margem para recuperar o tempo de serviço; o Governo é que não o quis fazer", disse.
"Não há maior irresponsabilidade que esta, de brincar com a vida das pessoas", sublinhou.
Questionada pelos jornalistas, Mariana Mortágua admitiu não saber quanto poderá custar a recuperação do tempo de serviço dos professores, mas defendeu que não se trata de uma questão orçamental, mas sim de uma questão política.
"O Governo não diz quanto é que custa [a recuperação do tempo de serviço dos professores], precisamente para poder alimentar esta ideia de que não é possível. Mas ao mesmo tempo mantém o benefício fiscal de residentes não habituais, que custa 1.500 milhões de euros por ano. E, portanto, não é uma questão orçamental, é uma questão de escolha política. E é o próprio ministro da Educação que vem dizer que não é uma questão orçamental", concluiu a coordenadora nacional do BE.
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