A última grande noite eleitoral do Partido Socialista (PS) já foi há alguns anos. Desde que António Costa derrotou António José Seguro e se tornou secretário-geral que o destino dos socialistas não é tão incerto e, desta vez, a escolha cai mesmo em cima de umas legislativas para as quais o PS teve de preparar a correr.
Com a demissão de Costa do Governo e do PS, após a queda do Executivo durante as controvérsias, comunicados e buscas da 'Operação Influencer', os militantes socialistas vão às urnas até este sábado à tarde para decidir entre três homens o futuro líder e candidato a primeiro-ministro para as eleições legislativas antecipadas, a 10 de março: o ministro José Luís Carneiro, o ex-ministro Pedro Nuno Santos e o candidato do bloco minoritário Daniel Adrião.
As eleições arrancaram na sexta-feira e mais de 16 mil pessoas já votaram, incluindo os próprios Pedro Nuno Santos e Daniel Adrião, além do primeiro-ministro. José Luís Carneiro, o ministro da Administração Interna, vota este sábado. No total, 60 mil militantes têm o direito de voto no PS.
A palavra 'confiante' foi sendo repetida ao longo das últimas semanas pelos três candidatos, e foi reafirmada por Pedro Nuno Santos após votar no seu concelho de São João da Madeira, no distrito de Aveiro, onde garantiu estar "muito confiante" no futuro resultado e na sua campanha até agora.
"Muito confiante, quem acompanhou esta campanha pode perceber a grande mobilização que nós fomos capazes de fazer ao longo de todas estas semanas, e isso é muito bom, nós precisávamos de mobilizar o partido para depois podermos mobilizar o país e acho que, pelo menos, o partido conseguimos", disse.
O candidato, outrora ministro das Infraestruturas e da Habitação e considerado há anos como um dos principais favoritos a suceder a Costa à frente dos destinos do país, pelo menos dentro do PS, acrescentou que tem "vontade de encerrar este capítulo interno" e de ver o partido concentrado e unido para as legislativas. "Estes foram anos muito importantes para nós, para o país e para o PS. Temos muito orgulho nos resultados e agora queremos dar um novo impulso. É esse o nosso grande objetivo para conseguirmos construir um Portugal inteiro, que é o lema da nossa candidatura", reiterou.
Já Daniel Adrião, que volta a candidatar-se ao cargo de secretário-geral depois de outras candidaturas, nomeadamente contra António Costa, defendendo um bloco minoritário dentro do PS, avisou que o próximo líder deve ter "a obrigação de unir o país", vincando que "o que importa é o triunfo das ideias".
Adrião, que é já um rosto conhecido nas eleições primárias e é o militante com mais presença em eleições, disse em Lisboa, depois de ter votado, que se mantém "disponível" para o PS, focando-se no tema da sua campanha e notando que a sua candidatura serve também para "reforçar um conjunto de ideias que [acha] que têm estado muito arredadas da agenda política em Portugal e que é preciso, de facto, colocar na agenda política".
José Luís Carneiro vota este sábado e, na quinta-feira, adiantou que continua despreocupado com o número de apoios de militantes históricos a Pedro Nuno Santos, garantindo que se mantém resoluto na vitória e que até considera o nome do seu principal adversário nas futuras listas às legislativas.
"Com certeza que tomarei a iniciativa de o contactar logo após o encerramento dos resultados para com ele contar, naturalmente no serviço ao PS", disse, acrescentando em entrevista à CNN Portugal que é o melhor candidato para derrotar Luís Montenegro e evitar um governo à Direita e, potencialmente, de várias direitas.
"Compete-me ter a confiança dos portugueses. […] No fim, avaliaremos o peso que cada partido tem no quadro parlamentar, […] para tomarmos as melhores decisões, que defendam os interesses do país", sublinhou.
Fora da decisão tem estado António Costa, que jurou máxima disponibilidade para preparar a sucessão e ajudar o futuro secretário-geral socialista na campanha às eleições legislativas. Costa votou na sexta-feira e reafirmou que não dará "conselhos de bancada" e que "não vou andar por aí a opinar e a dizer o que os outros devem ou não fazer, a escrever artigos". "Estou de consciência tranquila, desejo o maior sucesso àquele que me suceder a partir de sábado", disse.
As posições mais fortes que Costa tem dirigido nos últimos dias sobre as primárias no PS têm sido, aliás, por oposição a Luís Montenegro. Na segunda-feira, numa grande entrevista à CNN Portugal, o primeiro-ministro atirou várias farpas ao líder social-democrata, comentando, a respeito da disputa entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, que "qualquer um deles é melhor que o líder da oposição".
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