O antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, foi o grande vencedor da noite eleitoral do Partido Socialista (PS), tendo arrecadado 62% dos votos. Entre farpas ao Partido Social Democrata (PSD), o novo secretário-geral dos socialistas comprometeu-se a "decidir e avançar", uma vez que, na sua ótica, "temos já demasiadas pessoas que empatam". O responsável assumiu, além disso, contar com os seus camaradas e "circunstancialmente" adversários José Luís Carneiro e Daniel Adrião "para a unidade" do partido, que é "inteiro".
"Decidir, avançar, é o que precisamos em Portugal. Não empatar. Temos já demasiadas pessoas que empatam. Temos é que decidir e avançar", disse, ao mesmo tempo que salientou que, "no PS, fazemos confrontos internos, mas terminados ficamos unidos".
Nessa linha, o novo secretário-geral do PS confessou contar não só com o seu antecessor, António Costa, mas também com o dirigente socialista Daniel Adrião e com o atual ministro da Administração Interna e ex-secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, que "não é um militante qualquer".
Pedro Nuno Santos não deixou de assinalar que o PS é caracterizado pela "estabilidade" que procura projetar para o país, na medida em que, desde a sua fundação, em 1973, apenas teve nove líderes até hoje, enquanto o PPD, fundado em 1974, já teve 19 presidentes.
Direto | Declaração de Pedro Nuno Santos, que acaba de ser eleito Secretário-Geral do Partido Socialista. https://t.co/2jzHffjsGU
— psocialista (@psocialista) December 16, 2023
"Queremos dar um novo impulso, uma nova energia, para continuarmos a concretizar o projeto - e perdoem-me usar este termo, que em Portugal faz confusão - o projeto social-democrata que o PS tem para o país. Somos a única plataforma política que concilia o progresso social com o progresso económico. Para nós não são opostos, constroem-se em conjunto, e é isso que nós queremos continuar a fazer", disse, complementando que "o país, quando muito, divide-se entre quem tem convicções e quem não tem convicções".
"Eu cá tenho convicções", declarou, entre palmas. "Disse muitas vezes nos comícios que não sou nem radical nem moderado, sou socialista", completou.
Ao longo do discurso de cerca de 25 minutos, Pedro Nuno Santos declarou-se defensor do Estado social e nunca nomeou o PSD, a quem se referiu várias vezes como "eles".
"A nossa estratégia é diferente da deles", salientou.
O responsável não se coibiu de tecer rasgados elogios a António Costa, cuja "experiência, inteligência e sagacidade" vai "aproveitar".
"Continuaremos numa boa relação. Obviamente que trocaremos impressões, com certeza. Nós não temos tantos políticos com tanta experiência de política nacional, internacional como António Costa. Não aproveitar a experiência, a inteligência, a sagacidade de António Costa seria tonto da minha parte. Eu não cometerei esse erro. Vou aproveitar", reforçou.
E garantiu: "Vamos trabalhar para ter uma grande vitória, vamos querer mobilizar o povo português para ter uma grande vitória."
António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 7 de novembro, devido a uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio, que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça que o visa.
O chefe de Estado aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e formalizou a demissão do Governo na passada quinta-feira, dia 7 de dezembro, com efeitos a partir de dia 8. Por seu turno, apontou a dissolução do Parlamento para 15 de janeiro, no contexto das eleições legislativas antecipadas, marcadas para 10 de março.
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