Luís Marques Mendes considerou este domingo, no seu espaço de comentário, na SIC, que a vitória de Pedro Nuno Santos na corrida à liderança do PS é "previsível mas também uma grande vitória".
Para o antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) é uma vitória assente essencialmente em dois fatores, sendo que o primeiro é "o carisma".
"Goste-se ou não se goste de Pedro Nuno Santos, a verdade é que ele é um político carismático. Tudo o que ele diz, não deixa, de um modo geral, ninguém indiferente", começa por dizer.
A segunda razão é o trabalho partidário: "Pedro Nuno Santos anda há muitos anos a preparar a sua candidatura à liderança do PS".
Para o comentador, nos grandes partidos as lideranças preparam-se com anos de antecedência e com trabalho "muitas vezes invisível".
Quanto aos discurso, foi "previsível" e feito dos argumentos que já disseram na campanha.
"Combate" foi bom para todos dentro do PS
Ainda sobre o PS, o comentador diz que "o partido mobilizou-se muito". "Um partido quando tem eleições une-se, e quando tem medo de perder o poder, une-se ainda mais", afiançou.
Este resultado, diz, foi muito bom também para José Luís Carneiro.
"Começou a pensar na candidatura há um mês e mesmo assim tem quase 38%. Ele foi corajoso na candidatura. Surpreendeu pelos apoios e pelo resultado e esteve bem durante a campanha", pondera Luís Marques Mendes.
E, acrescenta: "esta é uma situação privilegiada para Pedro Nuno Santos. Se ganhar as eleições em 10 de março, é um herói".
Para o comentador, ganha apesar do desgaste do governo e da crise politica criada e "se perder, ninguém o vai culpar pela derrota".
Confronto entre Montenegro e Pedro Nuno Santos?
Sobre o confronto esperado entre Montenegro e Pedro Nuno Santos, para Marques Mendes, "em termos democráticos vai ser diferente do habitual".
"São dois candidatos a primeiro-ministro radicalmente diferentes, o que não acontecia há muitos anos. São profundamente diferentes nas ideias, nas propostas, de hoje a amanhã nas alianças, no estilo e na forma de fazer política", diz, lembrando que tal "enriquece a democracia".
Luís Marques Mendes defendeu ainda que "esta eleição vai ter um resultado incerto até ao fim e que pode ganhar o PS ou ganhar o PSD". "Não são favas contadas para ninguém. Isto vai ser taco a taco", afirma, acrescentando que cada um dos protagonistas tem um problema sério para resolver
"O grande problema de Luís Montenegro é o Chega. Se o Chega tiver uma votação alta, o PSD não ganha a eleição e Montenegro não será primeiro-ministro", diz. Por outro lado, o grande problema de Pedro Nuno Santos é o eleitorado moderado.
"À sua esquerda, Pedro Nuno Santos não tem dificuldades. O PCP e o BE não passam por bons momentos. O seu problema é com os eleitores moderados que votavam de olhos fechados em António Costa e que agora torcem o nariz em relação ao novo líder. Sobretudo depois da sua passagem pelo Governo. Conquistar esses eleitores é o seu grande desafio", pondera.
Costa e Passos na campanha?
Marques Mendes abordou ainda a grande especulação em torno da participação de António Costa na campanha eleitoral. Para o comentador é natural e desejável que António Costa participe na campanha do PS, como é normal que Passos Coelho venha a participar na campanha do PSD.
"Estas eleições vão ser muito dramatizadas. É normal que cada partido use os seus trunfos mais importantes", lembra ainda.
Gémeas? "Não houve tratamento de favor"
Um dos temas abordados foi também o caso das gémeas luso-brasileiras, caso este que Luís Marques Mendes despiu de polémica.
"Esta auditoria chega a uma conclusão: não houve tratamento de favor", disse, considerando porém que "terá havido, isso sim, uma falha ética da Secretaria de Estado da Saúde na marcação da primeira consulta da especialidade.
"Isso não é brilhante nem devia ter existido", terminou.
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