O novo secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, discursou, esta terça-feira, pela primeira vez aos deputados socialistas, numa intervenção em comentou as declarações do antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Pedro Passos Coelho, assim como referiu que o seu partido não tem de "começar do zero".
Durante o Jantar de Natal dos socialistas, Pedro Nuno Santos fez um balanço dos últimos anos de governação socialista, período que foi "muito importante" e o qual o definiu não só "como político" como também como homem. "
Mas com os olhos virados para o futuro, o líder socialista notou que esses anos são "o início de um percurso fabuloso", e que hoje o exercício que tem de ser feito é perguntar "se Portugal está melhor ou pior do que estava há oito anos", afirmou.
"Hoje o país é mais rico, a dívida pública é mais baixa, o investimento público subiu, os salários são mais baixos, a pobreza é mais baixa. Sim, é mais baixa do que em 2015", respondeu, recebendo uma salva de palmas, e continuando a enumeração. "Vivemos melhor do que há oito anos. Não há menor dúvida sobre isso", defendeu.
Pedro Nuno Santos apontou que era com o legado de sete anos de governação que o partido se apresentava a eleições. "Só temos de mostrar orgulho orgulho no que fizemos", confessou, não esquecendo o "novo impulso" que tem vindo a defender.
E se houve tempo para balanços, Pedro Nuno Santos não se esqueceu de elogiar o seu antecessor na liderança socialista. "António Costa deixava aqui uma palavra que é importante para a vida de todos nós: a estabilidade. O direito a termos estabilidade", disse, referindo-se não só à estabilidade económica, como também social. "A segurança que é a nossa, da Esquerda. Esta segurança que nós conseguimos dar aos portugueses e que é o bem maior destes três governos que tivemos liderados por António Costa", defendeu.
"A dívida que este partido para consigo é infinita e eterna", atirou, dirigindo-se a Costa.
PS "não começa do zero", mas ainda há "muito por fazer"
O socialista sublinhou ainda que estava inconformado com o projeto, e que ainda havia coisas por fazer. "Não está tudo bem. Somos os primeiros a assumi-lo e com propriedade podemos dizê-lo", referindo que existe no partido a ambição de fazer mais. Mas assumindo que ainda há coisas por fazer, Pedro Nuno Santos reforçou que o partido não "vai começar do zero".
"Temos problemas no Serviço Nacional de Saúde. Sabemos melhor do que eles os problemas que temos no Serviço Nacional de Saúde. Porque ao contrário deles nós não queremos desistir do Serviço Nacional de Saúde", especificou, recordando o acordo feito entre Governo e o Sindicato Independente dos Médicos. "Avançamos para o novo ciclo com uma reforma da organização do SNS, que começou a dar os seus primeiros passos", apontou.
E se Pedro Nuno Santos falou de um dos grandes temas, não deixou de fora um outro, a habitação: "Sabemos que é um dos maiores dramas que vivemos em Portugal", reconheceu, sublinhando que não era apenas um "problema português", mas sim europeu. "Não há país na Europa que não se confronte com a dificuldade de acesso à habitação. Sejam eles governos de Direita ou governos de Esquerda, este é um dos problemas centrais", considerou.
"Quando olhamos para o PRR, Portugal é mesmo o país que quis dedicar uma maior percentagem do PRR à resolução da habitação. Antes de eles começarem a falar da habitação, já estávamos a dar resposta. Infelizmente, os resultados levam tempo", lamentou, detalhando que estava a falar de situações como parque público, mas também da vontade de mobilizar o privado para este "grande esforço, aumentar a oferta de habitação" para a classe média ou do apoio ao arrendamento "que abrange mais de 180 mil/200 mil famílias".
"Não precisamos de começar do zero porque ao longo destes governos demos prioridade à habitação. É assim na saúde, é assim na habitação, é assim em muitas áreas", defendeu, com a Direita 'na mira'.
O PS e 'eles'
"Nós não começamos do zero, mas Direita teria de começar do zero se ganhasse as eleições", reforçou referindo que a Direita não teria subido as pensões.
"Não teriam subido o salário mínimo nacional. Sempre disseram que o salário mínimo nacional iria ser um desastre para a nossa economia, provocar falências e aumento do desemprego. Eles não teriam investido no SNS aquilo que nós investimos ao longo destes anos. O que eles teriam feito era canalizado mais fundos públicos para a saúde e escola privada. Deixariam a resolução do problema de habitação para o mercado. Eles ignorariam o problema da justiça fiscal porque para eles, ao longo destes últimos anos, o IRC foi sempre a prioridade. Era o passe de mágica para fazer florescer a nossa economia. Em vez de um país para todos, teríamos um país de vencidos e vencedores. Teria sido esse o legado que o PSD teria deixado país", discursou.
Hoje assistimos a uma Direita que quer linguajar com a extrema-direita
O Chega, a resposta a Pedro Passos Coelho...
Pedro Nuno Santos tem sido alvo de críticas não só do PSD, como também de toda a Direita, e a toda a Direita se referiu durante a sua intervenção. "Hoje assistimos a uma Direita que não só no seu programa faria diferente daquilo que nós fizemos ao longo destes últimos oito anos, que hoje querem competir, linguajar, com a extrema-direita - com o Chega. Hoje é pouco aquilo que distingue do ponto de vista discurso o líder do PSD do líder do Chega", afirmou, referindo-se não só a Luís Montenegro, como também ao anterior líder dos sociais democratas, Pedro Passos Coelho.
"Faz hoje uma declaração ao país para dizer duas coisas: uma delas para ofender pessoalmente o primeiro-ministro português", apontou, acrescentando que o PS não perder tempo a responder "às ofensas" em causa - tendo, no entanto, 'perdido' alguns segundos para dizer: "Percebemos que nunca percebeu que há oito anos a maioria do povo português rejeitou e chumbou a sua governação". Em causa estão as declarações do antigo líder social-democrata, que acusou, esta terça-feira, que António Costa Passos de se por "indecente e má figura".
Já quanto ao 2.º objetivo das declarações de Passos Coelho, Pedro Nuno Santos notou que tinham sido para "defender um entendimento do PSD com o Chega", o que considerou não ser "nenhuma novidade" - e exemplificado com o acordo conseguido nos Açores entre estes dois partidos.
Luís Montenegro nem sequer precisa de vir para o Governo para percebermos que não tem capacidade de decisão
... e a "(in(capacidade)" de decisão de Montenegro
"Pedro Passos Coelho apenas veio dizer o que o líder do PSD também quer, mas não consegue assumir. Um líder do PSD que não consegue assumir ao que vem e o que quer fazer caos não consiga condições para governar, é um líder do PSD que não consegue assumir, que também não consegue decidir. Nem sequer precisa de vir para o Governo para percebermos que ele não tem capacidade de decisão. Está ainda na oposição e a oposição mostra hesitação e capacidade de decidir", acusou, exemplificando com o caso do aeroporto, para o qual Montenegro pediu, depois de discussões com o Governo, uma novo de trabalho.
"Ainda não está a governar, mas já mostra a sua incapacidade de decisão", atirou, concluindo a sua intervenção, e elogiando mais uma vez António discurso.
[Notícia atualizada às 22h29]
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