O Partido Socialista (PS) chumbou, esta quarta-feira, os requerimentos da Iniciativa Liberal (IL) para ouvir a ex-ministra da Saúde, Marta Temido, e o ex-secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, no Parlamento, relativamente ao polémico caso das gémeas luso-brasileiras que receberam um tratamento milionário no Hospital Santa Maria.
Em reação ao chumbo, o líder da IL, Rui Rocha, disse que "o PS chumba aquilo que é incómodo, não interessa o regimento, não interessam as regras, não interessa o esclarecimento dos portugueses".
"Só há uma solução para resolver isto, está no dia 10 de março. É tirar o PS do poder e fazer com que não possa mais usar uma maioria absoluta, ou maioria relativa ou qualquer tipo de maioria, para impedir os portugueses de esclarecer a verdade", continuou, refutando o argumento que os socialistas terão usado para chumbar as propostas. Segundo Rui Rocha, o PS alegou que o chumbo se deveu ao facto de se tratar de ex-governantes.
"O PS já chamou ex-governantes noutras matérias... Sérgio Monteiro, Pires de Lima. Quando estava a decorrer a comissão de inquérito (CPI) à TAP, ao mesmo tempo, o PS chamou à comissão de Economia estas pessoas para desvirtuar a CPI à TAP, e foram, foram ouvidas e fizeram o seu depoimento e contribuíram seguramente para esclarecera quilo que é importante esclarecer", defendeu Rui Rocha.
O líder liberal considerou, ainda, que o comentário de Lacerda Sales ao caso foi "insuficiente", acusando-o de se ter "refugiado na semântica, porque ele diz basicamente 'não fui eu que marquei'". "Eu percebo isso, ele não terá ido ao sistema fazer uma marcação. Mas deu ou não indicações para essa marcação existir? Porque é que deu, se deu? E o que é que isso significa do ponto de vista de um processo que devia ser transparente? Todas essas questões continuam a ser fundamentais", perguntou.
Em simultâneo, sobre o pedido de audição a Marta Temido, alegou que a necessidade é "percebermos, sim ou não, se este enviesamento de um processo era prática comum num ministério que tutelava".
"Tudo isto seria absolutamente evitável, na medida em que o PS e as pessoas em causa, desde o princípio, tivessem dado esclarecimentos. Há quase dois meses que andamos nesta situação, não faz sentido. Os portugueses têm direito a conhecer a verdade, até porque nem sabemos se aquilo que estamos a falar tem uma gravidade extrema, uma gravidade intermédia ou até menos gravidade do que podemos imaginar. Porque é que as pessoas não falam? Porque é que o PS quer impedir a descoberta da verdade?", continuou Rui Rocha.
O líder liberal assegurou que o partido tem insistido em chamar as mesmas pessoas ao Parlamento "porque entretanto houve factos novos". "Demos uma oportunidade ao PS de rever o erro crasso que cometeu quando chumbou a audição a estas pessoas e nem assim o PS aproveitou essa oportunidade para esclarecer os portugueses. No limite, o juízo político sobre estas matérias é julgamento que tem de ser feito a 10 de março", reiterou, considerando que "o próprio PS não tem nenhum fundamento para fazer qualquer tipo de bloqueio a estes requerimentos porque já usou esse expediente e essa possibilidade de chamar ex-governantes a comissões".
"A ideia que o PS faz o que quer, quando quer. Quando lhe dá jeito, interpreta os regulamentos num sentido, quando lhe é incómodo, seja lá por que motivo for, interpreta no sentido contrário. Este país não é do PS, este país é dos portugueses e merecem saber a verdade", concluiu.
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