"Nesta última mensagem de Natal, o primeiro-ministro não fez nenhuma referência aos problemas que as pessoas enfrentam em Portugal, problemas que foram agravados com a maioria absoluta, apesar de ter tido todas as condições políticas e recursos extraordinários", afirmou Marisa Matias, numa reação na sede do Bloco de Esquerda de Coimbra à última mensagem de Natal de António Costa enquanto primeiro-ministro.
Para a eurodeputada bloquista, a maioria absoluta "foi um tempo intranquilo", não marcado apenas pelo "rodopio de ministros", mas também por um "sobressalto permanente" na vida das pessoas, com a crise da habitação e os problemas sentidos no Serviço Nacional de Saúde.
Sobre estes dois temas, Maria Matias disse que António Costa não fez qualquer referência.
"A habitação é um problema central neste momento em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde precisa de ser salvo e precisa de haver investimento concreto para que aquela que é uma das principais conquistas da democracia em Portugal não colapse e para tudo isso é preciso que se olhe, que se apresente soluções concretas para esses problemas e não fugir a eles, ignorá-los, omiti-los", salientou.
Para Marisa Matias, este era um momento para o primeiro-ministro estar "mais próximo da realidade que as pessoas estão a enfrentar em Portugal", considerando que continuar-se a "fingir que esses problemas não existem" não irá contribuir para resolvê-los.
Segundo a eurodeputada, era importante que António Costa tivesse apresentado "um olhar para o futuro e reconhecer que há problemas muito concretos na vida das pessoas e para os quais é preciso encontrar soluções".
Marisa Matias lamentou ainda que o primeiro-ministro português não tenha feito qualquer referência "ao genocídio que está a acontecer em Gaza".
"Não é um Natal qualquer. À semelhança do que temos assistido tragicamente na Ucrânia e que mereceu referência no ano passado, creio que não podemos também esquecer o que se está a passar em Gaza este ano", vincou.
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas e considerou que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.
"Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor", declarou o líder do executivo, quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
António Costa demitiu-se há cerca de um mês e meio da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial.
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