"Foi uma mensagem dedicada à questão da confiança nos portugueses, mas vale a pena perguntar onde esteve essa confiança durante estes oito anos. Não houve envolvimento das populações em geral nas grandes decisões estruturantes para o futuro do país", afirmou o deputado único do Livre na Assembleia da República.
Rui Tavares reagia assim à nona e última mensagem de Natal de António Costa, enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
"Se em Sines a população tivesse sido ouvida acerca dos terrenos a proteger e dos que podem ser utilizados para propósitos industriais, provavelmente não teríamos tido essas decisões divididas entre governantes e facilitadores e o Governo não teria caído", exemplificou Rui Tavares, em declarações à RTP3.
O dirigente partidário apontou ainda que, se o Governo tivesse confiança nos portugueses, deveria ter envolvido as "pessoas no desenho das políticas públicas" e evitado, desta forma, "muitos problemas quando os sinais de alarme já estavam todos dados na habitação".
"A confiança nos cidadãos não pode ser um chavão. Não pode ser um lugar-comum que se repete várias vezes num último discurso enquanto primeiro-ministro. Tem de ser uma prática seguida e experimentada nestes oito anos de governo", considerou Rui Tavares.
António Costa afirmou que deixou um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.
"Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor", declarou na sua última mensagem de Natal.
Na sua mensagem, António Costa disse ter concluído que os últimos oito anos provaram que tinha "boas razões" para confiar no país.
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