Em breves declarações no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, Simões Pereira, que é também líder do parlamento guineense, dissolvido pelo chefe de Estado do país, adiantou que além da presença no congresso do PS vai ter, em Lisboa, encontros com diversas estruturas do parlamento português.
"O Partido Socialista português entendeu convidar-me a tomar parte no seu congresso e à margem deste encontro está programado um encontro com o parlamento português nas suas várias comissões", afirmou Pereira.
Domingos Simões Pereira é líder do PAIGC e Presidente do parlamento da Guiné-Bissau que o Presidente do país, Umaro Sissoco Embalo, dissolveu no passado dia 04 de dezembro.
Embalo evocou então a existência de uma grave crise institucional no país, com foco no parlamento, para dissolver este órgão e demitir o Governo saído das eleições legislativas realizadas em junho de 2023.
As eleições foram ganhas pela coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka), encabeçada pelo PAIGC, com uma maioria absoluta de deputados no parlamento.
O Presidente Sissoco Embalo considera ter existido uma tentativa de golpe de Estado na sequência de confrontos entre as Forças Armadas e elementos da Guarda Nacional que tentaram retirar das celas da Polícia Judiciária dois membros do então Governo.
Os dois membros do Governo, o ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, estão a ser investigados pelo Ministério Público num processo de pagamento de dívidas do Estado a empresários.
O PAIGC e a coligação PAI-Terra Ranka rejeitaram as argumentações do Presidente guineense e consideram de inconstitucional a sua decisão de dissolver o parlamento e demitir o Governo eleito.
Domingos Simões Pereira afirmou hoje que vai aproveitar a sua estada em Portugal para também falar da situação política na Guiné-Bissau.
Sem querer abordar a situação da sua segurança pessoal, Simões Pereira disse estar confiante de que até o seu regresso ao país, em data que não anunciou, o parlamento deverá ser reabilitado.
No passado dia 15 de dezembro, numa conferência de imprensa, e falando enquanto líder do parlamento, afirmou que lhe tinha sido retirado o corpo de segurança pessoal e acusou o Presidente guineense de ter dado aquela ordem.
"Estou de saída e espero que até lá (no regresso) já se esclareçam as situações e possam voltar num quadro de maior normalidade e possamos retomar o nosso trabalho" no parlamento, observou o dirigente.
Domingos Simões lamenta que "as portas do parlamento continuem encerradas", mas exige que as mesmas sejam reabertas.
Desde o dia 13 de dezembro que as portas do parlamento guineense se encontram fechadas com agentes da polícia no edifício, impedindo o acesso de deputados e de funcionários, de acordo com Simões Pereira.
Perante este quadro, apelou aos cidadãos guineenses para acreditarem nas instituições do país, na democracia e na ordem democrática.
"Um dia havemos de encontrar o nosso rumo", enfatizou antes de embarcar no voo com destino a Lisboa, onde o Congresso Nacional do PS decorre entre hoje e domingo na Feira Internacional de Lisboa (FIL).
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