Num discurso no Encontro Nacional do PCP, que decorre hoje em Lisboa e que visa preparar os próximos atos eleitorais, Paula Santos considerou que "mais quatro anos de política de direita é tempo de mais", após "décadas de subalternização dos interesses nacionais aos ditames da União Europeia e aos interesses do grande capital".
A líder parlamentar do PCP considerou que a política das últimas décadas se traduziu "num país mais empobrecido e mais dependente" e defendeu que não se pode aceitar que os salários da população sejam "curtos para um mês", enquanto os principais grupos económicos "acumulam lucros colossais".
Paula Santos, que é cabeça de lista da CDU nas legislativas de 10 de março pelo círculo eleitoral de Setúbal, sustentou ainda que não se pode aceitar que haja utentes com dificuldade no acesso à saúde, "enquanto oito mil milhões de euros do orçamento são desviados para os grupos privados da doença".
"Não estamos condenados a isto: é hora de mudar política, é hora de romper com esta política de retrocesso que compromete o presente e o futuro. É hora de avançar para uma política alternativa, patriótica e de esquerda", disse.
A líder parlamentar do PCP referiu que a proposta da CDU é patriótica porque "afirma a soberania e independência nacionais" e é de esquerda "porque assume a rutura com a política de direita e com os interesses dos grupos económicos, protagonizada por PS, PSD, CDS, IL e Chega".
Entre as várias propostas da CDU que enumerou, Paula Santos destacou em particular o aumento geral dos salários, que qualificou como uma "emergência nacional", mas também a revogação "das normas gravosas da legislação laboral", a criação de uma rede pública de creches ou o investimento na escola pública.
"As eleições legislativas constituem uma oportunidade para reforçar o PCP e a CDU, que é condição para dar concretização à política alternativa patriótica e de esquerda necessária para melhorar a vida do povo e do país", disse.
Antes de Paula Santos, a membro do Secretariado do Comité Central do PCP Margarida Botelho defendeu que os últimos dois anos de maioria absoluta do PS mostram que, "para ser de esquerda, não basta um cravo na lapela nem pintar de verde ou cor-de-rosa" as políticas praticadas pela direita.
Margarida Botelho salientou que, nas últimas legislativas, houve quem votasse no PS porque estavam "cheios de medo da direita", salientando que o "resultado está à vista" e que o PCP, "com os seus aliados na CDU, é a força que faz frente à política de direita e às forças e projetos reacionários".
O PCP "aproveita todas as oportunidades para derrotar a direita e os seus projetos, como fez em 2015", afirmou, numa referência à 'geringonça'.
Já o membro da Comissão Política do Comité Central Vasco Cardoso abordou a eleição do novo secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, para pedir que não se tenha a ilusão "de que as soluções virão do PS".
Vasco Cardoso referiu que Pedro Nuno Santos foi membro de governos "onde tomou decisões contrárias ao interesse nacional".
"Afirma-se de esquerda, mas atira para 2028 os mil euros de salário mínimo nacional que se exigiam e que deveriam ser aplicados já agora. Assume o legado do PS, não quer ruturas com o passado, quer continuar a mesma política que nos trouxe até agora", criticou.
Por sua vez, o deputado Alfredo Maia, que é cabeça de lista da CDU às legislativas pelo círculo eleitoral Porto, centrou a sua intervenção na habitação, avisando que os "custos são brutais para as famílias" e acusando a direita e o PS de terem recusado as propostas do PCP para o setor.
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