O presidente do Partido Social Democrata (PSD) e líder da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, considerou, esta sexta-feira, que a gestão da TAP por parte do Governo do Partido Socialista (PS) e do então ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos é “um constante episódio de ligeireza”, tendo colocado em causa a confiança dos portugueses no atual secretário-geral dos socialistas para, eventualmente, assumir o cargo de chefe do Governo.
“Não pude ficar esclarecido, porque não houve explicações. A cada dia se conhece mais da forma ligeira, da forma informal, muitas vezes, como se exerceram funções governativas em Portugal. Evidentemente que o atual secretário-geral do PS, se teve este comportamento enquanto ministro, não me parece que esteja a dar confiança aos portugueses para ser primeiro-ministro”, apontou o social-democrata, em declarações aos jornalistas.
Montenegro foi mais longe, tendo atirando que, na sua ótica, “a TAP é um constante episódio de ligeireza, até leviandade, no tratamento daquilo que é público”, tendo apontado que ocorreu “um processo, que nunca foi fundamentado, de nacionalização, de quebrar o processo de privatização para, depois, ir acabar onde estava no início, após termos metido – nós, os contribuintes – mais de três mil milhões de euros na companhia”.
Se isso quer dizer que para gerir o país é preciso ser jurista, fica em grande desvantagem – é precisamente a minha área de conhecimento
Ao mesmo tempo que salientou a “intenção declarada do Governo e do – à época – ministro Pedro Nuno Santos de intervir diretamente na gestão da TAP, responsabilizando-se por isso”, o líder social-democrata denunciou ainda que “ficámos a saber que saiu uma administradora com uma indemnização de meio milhão de euros que [Pedro Nuno Santos] desconhecia numa primeira fase, e depois foi, talvez, confrontado com a verdade e assumiu que, afinal, tinha essa informação”.
“Agora, sabemos que há questões jurídicas relativamente ao vinculo da ex-CEO da companhia, e temos o ex-titular da pasta que decidiu dizer que não é jurista. Se isso quer dizer que para gerir o país é preciso ser jurista, fica em grande desvantagem – é precisamente a minha área de conhecimento”, considerou.
Recorde-se que o secretário-geral do PS assumiu, também esta sexta-feira, toda a responsabilidade política do que se passou na TAP, dossiê que geriu enquanto ministro das Infraestruturas.
"Eu assumo todas as responsabilidades no que diz respeito à TAP (...) Aquilo que verdadeiramente interessa do ponto de vista da responsabilização política é que eu assumo a responsabilidade política, enquanto ministro, de tudo o que se fez na TAP e é isso que é verdadeiramente importante", disse o socialista no final de uma visita ao CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em Matosinhos, no distrito do Porto.
Questionado pelos jornalistas sobre a notícia do jornal o SOL que hoje adiantou que o então ministro aceitou as condições da ex-CEO da TAP Christine Ourmières-Widener de manter funções noutras empresas, e que isso ficou previsto no contrato da gestora, o dirigente socialista vincou que o contrato foi feito com equipas jurídicas das duas partes.
"O contrato é feito com as equipas jurídicas tanto da anterior CEO como da TAP, a equipa jurídica da TAP. É importante que nós tenhamos essa consciência", frisou.
A ex-presidente executiva da TAP foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.
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