O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, pediu, esta quarta-feira, a demissão do presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, depois de ser conhecido que este tinha sido constituído arguido na sequência das buscas levadas a cabo na região e no continente.
"Miguel Albuquerque tem de se demitir. Os padrões e a exigência ética da Iniciativa Liberal aplicam-se a todas as situações, independentemente dos partidos e das pessoas que desempenham as funções", começou por escrever Rui Rocha, numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).
O líder liberal lembrou que o partido havia pedido a demissão de António Costa, na sequência da 'Operação Influencer' e, por isso, segue agora a mesma linha. Caso Albuquerque não se demita, a IL pede a intervenção do presidente do PSD, Luís Montenegro.
"Exigimos a demissão de António Costa logo que se tornou evidente que não podia continuar no cargo de primeiro-ministro. Exigimos agora a demissão de Miguel Albuquerque de presidente do Governo Regional da Madeira. Se Miguel Albuquerque não se demitir, Luís Montenegro deve retirar-lhe a confiança política", completou.
Miguel Albuquerque tem de se demitir.
— Rui Rocha (@ruirochaliberal) January 24, 2024
Os padrões e a exigência ética da Iniciativa Liberal aplicam-se a todas as situações, independentemente dos partidos e das pessoas que desempenham as funções.
Exigimos a demissão de António Costa logo que se tornou evidente que não podia… pic.twitter.com/igGBcgBQN1
De notar que a reação surge depois de, ao início da noite, ser conhecido que Miguel Albuquerque foi constituído arguido num processo que também levou à detenção do presidente da Câmara do Funchal e de dois gestores do grupo de construção AFA. A informação, inicialmente avançada pela CNN Portuga, foi confirmada à Lusa por fonte ligada ao processo.
A Polícia Judiciária (PJ) realizou hoje na Madeira e em vários locais do continente cerca de 100 buscas numa investigação por suspeitas de investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
A residência de Miguel Albuquerque (PSD) foi alvo de buscas na parte da manhã.
A meio da tarde o presidente do executivo madeirense dizia que não se demitia mesmo que fosse constituído arguido, e garantia colaborar "de forma ativa com a justiça".
Segundo uma nota da PJ, no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, foram executadas 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (Açores).
As detenções do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD) e de dois gestores do grupo AFA ocorreram às 14h15, acrescenta a Polícia Judiciária.
Na operação policial participaram dois juízes de Instrução Criminal, seis magistrados do Ministério Público e seis elementos do Núcleo de Assessoria Técnica da Procuradoria-Geral da República, bem como 270 investigadores criminais e peritos da PJ.
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