O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, reagiu esta quarta-feira à polémica de corrupção que envolve o Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, dando conta que não vai "aproveitar nenhum caso judicial para fazer política".
"A justiça tem o seu tempo, faz o seu trabalho e os seus políticos, em cada momento, devem fazer um juízo próprio sobre as suas condições para exercerem os cargos políticos e para defenderem e protegerem as instituições", afirmou Pedro Nuno, assumindo que "é uma decisão e reflexão dos políticos envolvidos".
À margem de uma visita ao Centro de Dia Rainha Santa Isabel, na Amadora, o socialista referiu que "não quer misturar justiça com política".
"É muito importante, para a população confiar nos políticos, que nós sejamos sempre coerentes nas posições que tomamos", adiantou Pedro Nuno, referindo que olha para este caso "com preocupação".
Contudo, o candidato socialista ao Governo destacou, contudo, que devem ser defendidos "princípios essenciais do Estado de Direito" - como "o princípio da independência do poder judicial e a presunção de inocência" - princípios esses que o PS diz levar "a sério".
De recordar que Miguel Albuquerque afastou a hipótese de demissão e assegurou colaborar "de forma ativa com a justiça".
A Polícia Judiciária (PJ) realizou ontem na Madeira e em vários locais do continente cerca de 100 buscas numa investigação por suspeitas de investigações dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
Segundo uma nota da PJ, no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, foram executadas 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (Açores).
O presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e dois gestores ligados ao grupo de construção AFA, Avelino Farinha e Caldeira Costa, foram os três detidos no âmbito da operação desencadeada pela Polícia Judiciária (PJ).
As detenções ocorreram às 14h15, acrescenta a Polícia Judiciária.
Na operação policial participaram dois juízes de Instrução Criminal, seis magistrados do Ministério Público e seis elementos do Núcleo de Assessoria Técnica da Procuradoria-Geral da República, bem como 270 investigadores criminais e peritos da PJ.
Leia Também: Albuquerque suspeito de corrupção e atentado contra o Estado de Direito