"O PS [Madeira] convocou-nos para uma reunião na segunda-feira para análise da situação política? Esperem sentados...! A ânsia de ir ao pote e o calculismo daquela trupe é conhecida. O Carnaval é em fevereiro", escreve o JPP num comunicado hoje divulgado na região, assinado pelo líder do partido, Élvio Sousa.
O JPP - partido que tem uma bancada na Assembleia Legislativa da Madeira composta com cinco deputados num universo de 47 -- salienta que "aceita-se uma substituição transitória de governo, de curto prazo, e até a convocação de novas eleições" nesta região autónoma.
Mas, acrescenta, "a mudança de outros 'manequins', não sujeitos a sufrágio, e até final da legislatura, é impensável e inadmissível", opinando que "o povo irá revoltar-se".
"Decorre a investigação e os inquéritos. Tenhamos calma", sublinha o também líder parlamentar do JPP, aconselhando "moderação e a tranquilidade, em tempos conturbados".
Élvio Sousa insiste que "o caso que levou à renúncia de Calado [presidente da Câmara do Funchal] e Albuquerque [presidente do Governo da Madeira] deve ser observado em tranquilidade, paz e serenidade".
O líder do JPP considera que "durante a última semana a euforia coletiva foi notória" neste arquipélago, complementando que, no caso das moções de censura ao Executivo da Madeira (PSD/CDS), "o campeonato da pressa poderá ser inútil, nomeadamente com a concretização da demissão do presidente do Governo".
O responsável deste partido questiona se "o Orçamento [Regional para 2024], não precisa de ser discutido, apreciado e votado, para não criar maior instabilidade social e económica?", opinando que "a pressa de ir ao pote, e a ganância de lá ir a todo o custo, fez esquecer essa visão humanista".
Elvio Sousa declara discordar do líder do PS/Madeira, Paulo Cafofo, quando "apressadamente afirmou que o estatuto de arguido obriga à demissão imediata", apontando ser uma posição "perigosa" face à incerteza de situações no futuro.
"Sem entrar em análises sumárias e linchamentos antes do tempo da razão, o facto de um cidadão ser arguido não implica automaticamente a sua culpabilidade. Ajudemos à literacia judicial", defende, vincando que "o poder se altera em eleições e não com moções de censura".
Na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, foram detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas, segundo disse à Lusa fonte da investigação.
As detenções de dois empresários e do autarca do Funchal surgiram na sequência de uma operação que também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e anunciou na sexta-feira que vai abandonar o cargo, apesar de inicialmente ter afirmado que não se demitia.
Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.
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