"Nós não precisamos de uma nova sondagem para estar preocupados com o crescimento da extrema-direita. É um tema que já temos falado há muito tempo e que está a ser encarado com uma enorme irresponsabilidade na sociedade portuguesa, em particular pela direita tradicional democrática", salientou aos jornalistas Rui Tavares.
Para o dirigente partidário, que falava à margem de uma visita à União Zoófila em Lisboa, é preciso que a direita democrática "acorde e faça a denúncia do perigo que é a extrema-direita, porque só a direita pode falar ao eleitorado de direita", e impedir o crescimento de partidos como o Chega.
"O Chega é um partido que nos leva para trás. Os aliados do Chega nos Estados Unidos, no Brasil e na Hungria tiveram danos para aqueles países, que se contabilizaram desde centenas de milhares de mortos a mais durante a pandemia. Há países que já fecharam jornais, expulsaram universidades, cooptaram tribunais... É um perigo para a nossa democracia e esse perigo deve ser denunciado", realçou.
Rui Tavares acusou ainda a comunicação social por "levar a sério aquilo que não é para levar a sério".
"A comunicação social não pode continuar a cair em todas as patranhas do Chega. Não nos devem atirar para um ciclo em que primeiro damos colo à extrema-direita, depois damos-lhe muito mais destaque do que precisaríamos dar e depois vamos dar destaque outra vez para fazer o debate do porquê ela crescer. Anda a crescer, porque estão a ajudar. Porque o solo está a ser adubado para que ela cresça, e são adubos bem tóxicos", realçou.
O porta-voz do Livre disse ainda que o Chega, ao apresentar-se como um partido anticorrupção, é "a farsa mais acabada de todo o debate".
"Os aliados de [Viktor] Orbán, do homem mais corrupto da Europa, são os anticorruptos em Portugal? Pá, deixem-me rir. Acho que temos de deixar a música do Jorge Palma mais citada pelos políticos, temos de deixar o 'Enquanto houver estrada para andar...' [da música a 'A gente vai continuar'] e passar ao 'Deixa-me rir'. O Chega anticorrupção? Deixem-me rir. Os aliados de [Donald] Trump e de [Jair] Bolsonaro? Deixem-me rir", comentou.
Sobre um eventual acordo do PSD com o Chega no Governo Regional dos Açores, após as eleições de domingo, Rui Tavares considerou que pode ser "um embaraço para todo país".
"É um embaraço para todos os portugueses democratas que, sendo de esquerda, de centro ou de direita, mesmo que não se revejam no PSD e que sejam adversários do PSD em muitas políticas, reconhecem no PSD um partido fundador da nossa democracia e que agora está perdido com o que é que há de fazer à porta, se deixa a porta aberta, fechada ou entreaberta", frisou.
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