"Não foi a minha posição, não foi o que recomendei, achava que uma suspensão [do mandato] seria mais legítima para o partido mas só me cabe respeitar, infelizmente, e pedir desculpas aos açorianos que tal tenha acontecido. Mas o trabalho vai continuar", afirmou José Pacheco, em conferência de imprensa, na sede do partido, em Ponta Delgada.
Em 21 de janeiro, Miguel Arruda foi constituído arguido por suspeita do furto de malas no aeroporto de Lisboa e nesse mesmo dia a PSP realizou buscas nas casas do deputado em São Miguel e em Lisboa.
Em causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade. Miguel Arruda terá furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas do aeroporto de Lisboa quando viajava vindo dos Açores no início das semanas de trabalhos parlamentares.
O dirigente do Chega/Açores considerou que, apesar de se ter perdido o deputado eleito pelos Açores, este caso não irá influenciar as relações internas.
"Obviamente que sempre tivemos um canal aberto com Lisboa e com a Assembleia da República, e assim sempre será", afirmou.
José Pacheco referiu que "há sempre a possibilidade de o deputado Miguel Arruda renunciar ao mandato", estando o partido "já preparado para indicar outra pessoa".
Referindo-se às obras no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, o dirigente do Chega/Açores disse que o partido questionou o Governo Regional mas nunca obteve resposta.
Os prazos "foram sendo dilatados" e "não há nem plano nem início de obras", o que é "demasiado grave", acrescentou.
O HDES, o maior dos Açores, foi afetado por um incêndio em 04 de maio de 2024, que obrigou à transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para fora da região.
José Pacheco defendeu que o incêndio no HDES "deve-se à negligência, ao longo dos anos", dos governos socialistas, com "responsabilidades políticas e governativas, que abandonaram o hospital".
Na quinta-feira, o Chega/Açores requereu o agendamento de um debate de urgência na Assembleia Legislativa, para a sessão de fevereiro, sobre o hospital de Ponta Delgada, alegando que é preciso esclarecer "todas as decisões" tomadas após o incêndio.
O líder do Chega/Açores questionou ainda se "quem afundou a SATA [alusão ao PS] terá soluções" para a empresa e voltou a defender a privatização da empresa de aviação ou então o encerramento da Azores Airlines.
Os cinco deputados do Chega/Açores vão entretanto doar os 5% de atualização salarial, que totaliza cerca de 9.500 euros anuais, a várias instituições como o Lions Clube das Flores, a associação Ser dos Animais, associação Recomeço, também ligada à defesa dos animais, a Liga Contra o Cancro, a par de uma igreja em dificuldades.
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