No documento a que Lusa teve acesso e que é dirigido a "todos os profissionais da ULSMAve [Unidade Local de Saúde do Médio Ave, onde está inserido o hospital em causa]", lê-se que "no seguimento da reunião mantida com a Secretária de Estado da Gestão da Saúde [não é indicado quando aconteceu] e do processo em curso de devolução do Hospital Conde de São Bento à Misericórdia, importa acautelar os impactos da medida na ULSMAve, nomeadamente na salvaguarda da atividade assistencial e no atendimento aos utentes".
Para o efeito, prossegue a circular, foi nomeada "uma equipa de trabalho ad hoc" para "ponderar impactos da medida de devolução na atividade assistencial da ULSMAve e propor soluções em termos de reafetação de recursos humanos e reformulação/reafetação de espaços".
No documento é também solicitado "a todas as Direções de Serviço propostas/sugestões neste âmbito, a apresentar até 21 de fevereiro", continua o documento.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou em dezembro que a ministra da Saúde já está a trabalhar com algumas Misericórdias, como as de São João da Madeira e de Santo Tirso, "para a transferência dos respetivos hospitais para as mãos das Misericórdias".
Em comunicado, o PCP denuncia que este processo "corresponde à privatização encapotada desta unidade de saúde", implicando as "políticas de desinvestimento" de "sucessivos governos de PS e PSD/CDS" e sublinhando que a "manutenção do caráter público do hospital é inseparável de necessárias melhorias no mesmo, desde logo da construção de novas instalações".
"O processo de transferência para a Misericórdia, ambição antiga de PSD/CDS que em 2015 foi impedido de o fazer pelo PCP, beneficia do facto de, para lá das insuficiências do hospital, os terrenos onde se situa pertencerem à Misericórdia local", prossegue a nota de imprensa.
Considerando que a transferência do hospital para a misericórdia "não significará uma melhoria do serviço prestado", o PCP enfatiza que a lei em vigor "prevê uma redução de custos em pelo menos 25% neste tipo de situações, o que se traduzirá no encerramento de valências ou na extinção de postos de trabalho".
Neste contexto, prossegue o comunicado, o PCP "reafirma a necessidade de defender o caráter público do Hospital Conde de São Bento, bem como um maior investimento que possibilite a construção de novas instalações".
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