Numa publicação na rede social Facebook, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus defendeu que a "indisponibilidade do PS/Açores para considerar outros cenários" que não o voto contra "tem um de dois efeitos: ou conduz à ingovernabilidade na Região Autónoma, ou atira o PSD/Açores para os braços do Chega, sem qualquer réstia de pudor ou juízo de condenação".
"Cenários indesejáveis, em qualquer dos casos, que o PS/Açores tinha condições de evitar, viabilizando pela sua abstenção -- e, portanto, sem se comprometer com os exatos termos da governação -- um Governo minoritário liderado pelo PSD/Açores. Era este, a meu ver, o caminho que se impunha, coerente com a prática anterior do Partido Socialista e com o imperativo de isolar o Chega", sustentou.
O governante considerou também que a decisão dos socialistas açorianos rompe com o "cordão sanitário" ao Chega.
"Ora, se o Partido Socialista tem vindo a chamar a atenção para os perigos do Chega e de uma governação dependente do Chega, como pode agora conformar-se com este desfecho (quando está nas suas mãos evitá-lo)?", questionou.
Tiago Antunes considerou que "assumir esta posição antecipadamente, antes sequer de o Chega se pronunciar a título definitivo quanto à atitude que tomará na votação do programa de governo regional, é abrir alas a um entendimento entre a AD regional e o Chega, por falta de alternativas disponíveis" e cria "as condições perfeitas para que a direita e a extrema-direita se entendam, sem qualquer remorso e colocando o ónus dessa solução política no PS", afirmou.
"Ao inviabilizar um Governo Regional minoritário, o PS/Açores oferece de mão beijada ao PSD/Açores o argumento que este ardentemente desejava para poder legitimar ou branquear a associação entre a AD regional e o Chega, que será agora apresentada -- e vista -- como um mal necessário", alertou.
Na publicação, Tiago Antunes fez também um paralelo com a situação de 2015, quando a coligação PSD/CDS-PP formou um Governo sem maioria, que acabou por cair no parlamento face à maioria de esquerda.
"O governo da PàF não teria sido derrubado no parlamento se o PS não estivesse em condições de oferecer ao país, em alternativa, uma solução de Governo viável", indicou, salientando a "coerência política" que "o PS tanto, e bem, tem invocado e que, designadamente, tem exigido do PSD relativamente à situação política na Madeira".
O secretário de Estado defendeu que não colhe o argumento de que o PS/Açores, "ao viabilizar o Governo da AD regional, ficaria impossibilitado de lhe fazer oposição, relegando esse papel para o Chega", sustentando que "viabilização não equivale a aprovação ou apoio, e a viabilização pela abstenção em nada obsta à expressão de opções políticas distintas ou mesmo opostas".
"Não sendo possível formar-se uma maioria absoluta sem o Chega, então o imperativo de cordão sanitário a esse partido deve levar a que se viabilize a possibilidade de um Governo Regional funcionar com base numa maioria (meramente) relativa. É esse o mal menor, e o mal maior a aceitação do Chega na órbita do poder. Não invertamos prioridades, não invertamos valores", salientou.
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