O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, reagiu, esta quarta-feira, aos protestos dos polícias no Capitólio durante o debate eleitoral entre os lideres da Aliança Democrática e Partido Socialista, que levou a IGAI a abrir um processo para esclarecer a situação.
"Acho que se há alguém que respeita a Constituição, se há alguém que atribui a sua vontade ao dia-a-dia do funcionamento da sociedade, entre muita gente, há homens e mulheres das forças de segurança - com uma grande responsabilidade e dedicação à causa pública. Acho que aquilo que é o sentimento da larga maioria desses agentes da PSP, GNR e guardas prisionais é um sentimento de não permitir que não se abandonem as reivindicações, não se permitir que se esqueçam os problemas que têm - condições de trabalho, salários, subsídio de risco - num quadro em que se desenvolva a seu favor e não contra eles próprios", considerou, em declarações aos jornalistas, em Lamego, no distrito de Viseu.
Questionado sobre se a manifestação, que aconteceu na segunda-feira, foi uma falta de responsabilidade, Paulo Raimundo considerou que neste momento se enfrentam problemas "muito significativos e que não são de agora", tendo sim dezenas de anos.
"Aquilo que tem marcado os protestos e ações das forças de segurança tem sido um grande respeito, um grande compromisso com a democracia e constituição - e naturalmente que não será esta ou aquela declaração mais inflamada ou esta ou aquela ação menos feliz que vai marcar aquilo que foi e é o protesto das forças de segurança", justificou.
Paulo Raimundo defendeu ainda que o que marcou o dia em causa foi "a grande ação que se desenvolveu" no Terreiro do Paço. "Tudo o resto são iniciativas que só responsabilizam os próprios que nela participaram", apontou.
Na segunda-feira, após uma concentração que juntou na Praça do Comércio, em Lisboa, cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR, muitos seguiram para o Capitólio, onde decorreu o debate eleitoral entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, numa marcha espontânea que não foi autorizada.
Entretanto, o diretor nacional da PSP determinou a realização de um inquérito interno sobre as circunstâncias do protesto de agentes daquela polícia junto Capitólio, tendo em "conta o eventual envolvimento de polícias da PSP numa ação não comunicada".
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