Num jantar comício em Évora, Mariana Mortágua foi muito crítica do que apelidou "relatos das conquistas agrícolas do Alentejo", que representam um modelo que considerou ser uma "irresponsabilidade, um atraso e perigoso".
"A responsabilização, incluindo criminal, de todos os que ganham com o abuso sobre os trabalhadores migrantes é o caminho para fazer justiça, mas a mudança de modelo é o que protege todo o Alentejo. Respondemos a essa mudança com seis prioridades, com seis urgências", adiantou.
Entre os objetivos do BE está "parar as estufas, parar o licenciamento das explorações superintensivas e travar o abuso laboral e acolher os imigrantes", dando-lhes condições e salários porque são precisos "direitos e deveres iguais para todos".
"Obrigar a avaliação integrada de impacto ambiental e social, novas regras para a água, muito menos pesticidas. É preciso começar já a reconversão da produção que existe para um modelo de futuro. Se queremos futuro então precisamos num modelo económico de futuro", explicou.
Para Mortágua, é possível "ter uma agricultura forte, que respeite a terra e sua gente" e que leve à soberania alimentar.
"Nunca vi como agora tanto azeite produzido no Alentejo e tanta gente que não consegue aceder ao azeite porque o preço não para de subir. para onde é que vai o azeite produzido no Alentejo", criticou.
A alentejana que nasceu no Alvito, a pouco mais de 40 quilómetros do local onde decorreu este jantar comício, iniciou a sua intervenção recorrendo a nomes de pássaros que constam da letra da "Moda da Passarada", - tarambolas, cucos, pintassilgos ou rouxinóis - para concluir que "nos campos do Alentejo já não há pássaros", mas "há produção recorde de azeite".
"Queremos campos onde se possam voltar a ouvir os pássaros. E queremos ouvir um cante novo, em todas as línguas de quem aqui vive e trabalha. O Alentejo merece todos os cantes, de todas as línguas, merece muito melhor", defendeu.
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