Troika? "Não temos de pedir desculpa" mas "ter orgulho no que fizemos"
O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso defendeu hoje que o PSD e o CDS-PP não têm de pedir desculpa, mas ter orgulho no que fizeram no Governo "com sentido patriótico" no período da "troika".
© Gustavo Valiente/Europa Press via Getty Images
Política Durão Barroso
O antigo líder do PSD juntou-se à campanha da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM) num comício em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, num auditório com 1.400 lugares sentados.
Durão Barroso invocou a sua experiência como presidente da Comissão Europeia para recordar esse período entre 2011 e 2014.
"É preciso lembrar como fomos para lá e como saímos. Quem pôs Portugal na situação de bancarrota foi o Governo do PS, depois houve um programa de ajustamento dificílimo, e o Governo de José Sócrates foi substituído pelo de Pedro Passos Coelho", sublinhou.
O antigo primeiro-ministro lembrou que Portugal conseguiu sair desse programa único em três anos, quando a Grécia demorou oito e teve três programas.
"Em Portugal houve coragem de enfrentar um problema que não tinha sido criado pelo PSD, mas foi o PSD com o CDS que o conseguiu resolver", referiu.
Numa passagem da sua intervenção aplaudida de pé, Durão Barroso acrescentou: "Nós não temos de pedir desculpa por esse período, nós temos de ter orgulho nesse período pelo que fizemos com sentido patriótico", salientou.
O antigo governante deixou na sexta-feira à noite fortes críticas à governação socialista e até justificou o seu regresso a campanhas eleitorais com o "momento particularmente delicado" que se vive em Portugal, na Europa e no mundo.
"Em Portugal -- hoje já ninguém desmente -- temos uma crise generalizada na saúde, educação e habitação", disse, referindo que a revista "The Economist" aponta Portugal como "o país mais pobre da Europa Ocidental" e com um problema de fuga de cérebros de jovens.
Durão Barroso considerou que "a causa deste atraso é económica" e afirmou que Portugal tem vindo a cair na classificação dos países europeus em termos de riqueza por habitante.
"Este é o balanço real da governação socialista, é este o problema económico que temos de resolver, sem desenvolvimento não podemos ter as condições de saúde ou de educação que queremos para os nossos filhos e para os nossos netos", disse, avisando que, a manter-se o atual ritmo de crescimento, o país "levaria 45 anos a convergir com a média europeia".
Durão Barroso confessou ficar espantado e até indignado "como pode o atual Governo estar contente com estes resultados".
"É verdade que o PS não tem uma grande tradição na economia, mas nunca pensei que pudessem estar satisfeitos com este ritmo que nos condena ao subdesenvolvimento e empobrecimento europeu", afirmou.
Repetindo um argumento já utilizado na sexta-feira num artigo no semanário "Nascer do Sol", Durão Barroso alertou para os perigos de PCP e BE poderem vir a ter uma maior força negocial do que no período da chamada "geringonça".
"Se, por fatalidade que acredito que não acontecerá, em Portugal houvesse um novo Governo do PS, seria o governo mais à esquerda desde o período revolucionário em Portugal, que não desenvolveria Portugal como merece ser desenvolvido", disse.
O cabeça de lista por Aveiro, Emídio Sousa, -- que suspendeu o mandato de presidente da Câmara de Santa Maria da Feira -- centrou as suas críticas no líder do PS, Pedro Nuno Santos, que foi até assobiado pelo auditório do Europarque.
"Anda a dizer que vai acabar com as portagens do interior e da via do infante, mas sobre Aveiro, que está cercada de portagens, zero", lamentou.
Em 2022, o PSD elegeu sete dos 16 deputados do círculo, o PS oito e o Chega um.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
[Notícia atualizada às 07h40 de 2/03/2024]
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