Ventura acusa Costa de mostrar "grande dose de desfaçatez"
O presidente do Chega acusou hoje o primeiro-ministro cessante, António Costa, de ter mostrado "uma grande dose de desfaçatez" por dizer que os socialistas representam segurança e classificou como negativa a presença do ex-líder do PS na campanha.
© Lusa
Política André Ventura
"Eu acho que é preciso ter uma dose muito grande de desfaçatez para, no meio de uma campanha eleitoral que deriva da queda de um governo liderado por António Costa, devido a um caso de corrupção judicial, António Costa dizer que a única mudança com segurança é para o PS", afirmou.
André Ventura falava aos jornalistas à chegada a um jantar/comício na Figueira da Foz, distrito de Coimbra, no âmbito da campanha para as eleições legislativas de 10 de março.
"O PS teve uma maioria absoluta de dois anos, desbaratou-a completamente com casos atrás de casos, com degradação atrás de degradação, com falta de credibilidade atrás de falta de credibilidade, e ouvir António Costa dizer hoje, naquela que penso que será a sua última intervenção política, que a mudança com segurança é no PS é uma enorme desfaçatez", defendeu.
O líder do Chega afirmou que a presença do ainda primeiro-ministro na campanha do PS "foi uma aparição negativa para o país", considerando que António Costa devia ter feito "um balanço da governação".
"António Costa foi fazer propaganda, mas uma propaganda com uma grande, grande falta de vergonha e desfaçatez. António Costa devia vergonha das palavras que proferiu hoje no Porto", criticou.
André Ventura considerou ainda ser grave "ouvir também António Costa dizer que em 2026 haverá excesso de médicos de família", acusando o chefe do Governo de ser "responsável pela maior falta de médicos de família da história de Portugal".
"Eu espero honestamente que os portugueses lhe deem um cartão vermelho muito grande nas próximas eleições" legislativas, acrescentou.
O primeiro-ministro cessante, António Costa, discursou hoje num comício do PS no Porto, onde lamentou que a ação do Governo tenha sido interrompida a meio do mandato, mas disse acreditar que o PS vai ganhar as eleições do dia 10.
"Será que vale a pena, agora que as coisas se começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança, em vez de dar oportunidade ao Pedro Nuno Santos para continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver, agora com mais energia, com novas ideias, mas sem mudança de rumo?", perguntou Costa.
O presidente do Chega disse também que "a AD está a seguir um caminho perigoso de aproximação ao Partido Socialista e de recentramento político" e defendeu que "vai alienar o eleitorado e vai confundir".
Questionado se, perante essa conclusão, apresentará uma moção de rejeição a um eventua governo da AD, André Ventura não excluiu essa hipótese.
"Dependia do programa que o PSD apresentar. Eu quero acreditar que o PSD até lá vai fazer a sua cura socialista", disse.
Na ocasião, o líder do Chega foi também questionado sobre o vídeo de apoio por parte do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que divulgou nas suas redes sociais.
Ventura agradeceu este apoio, que "foi espontâneo, como todos os outros", e garantiu que "o Chega não anda a pedir apoios".
"Não é questão de ser um bom modelo, é primeiro-ministro. Tem pontos positivos, pontos menos positivos. Tem uma coisa boa, tem batido o pé a esta burocracia de Bruxelas e isso é algo que nós devíamos aprender com a Hungria", defendeu, quando questionado se vê em Orbán uma referência.
No vídeo de menos de um minuto, divulgado nas redes sociais do partido e do líder, o primeiro-ministro húngaro diz que Ventura "é um verdadeiro patriota e um grande jovem líder" e "o homem que sabe tornar Portugal grande de novo", numa referência ao 'slogan' de Donald Trump.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
[Notícia atualizada às 22h25]
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