"Isto dá cabo da vida das pessoas. Da vida mental, da vida física e é um problema, porque as pessoas não têm tempo, porque a laboração contínua altera-lhes o tempo todo. Não têm tempo para eles, não têm tempo para a família, não podem acompanhar às vezes o crescimento dos filhos", salientou Paulo Raimundo aos jornalistas, perante alguns apoiantes.
Numa iniciativa junto a uma fábrica de produção de batatas fritas, que começou ao final da noite de sábado e acabou já depois da meia-noite, Paulo Raimundo defendeu que nem todas as atividades deviam precisar de laboração ininterrupta. Além de reclamar por melhores salários para os trabalhadores, lembrou também uma proposta apresentada no parlamento, em dezembro passado, que não passou.
"Foi chumbada por PS, PSD, Chega e IL: que estas pessoas que têm uma vida inteira de trabalho rotativo e noturno tenham um acréscimo na valorização do tempo de trabalho para a reforma em 25%. É o mínimo que se pode fazer. Já que não se consegue compensar agora pelo descanso e pelas condições, ao menos que tenham essa compensação, porque o desgaste destas pessoas não é o mesmo que o desgaste de quem trabalha das oito às cinco", vincou.
Assegurando estar "menos cansado" do que os trabalhadores após a quarta iniciativa de campanha deste sábado, num dia em que já passou por Beja e Santarém, Paulo Raimundo lembrou que já tinha visitado esta mesma fábrica em dezembro e preferiu valorizar o esforço destes profissionais: "Enquanto esses estiverem cansados, eu não me sinto autorizado a estar cansado".
Questionado sobre a mais-valia eleitoral deste tipo de ação, com pouca participação e disponibilidade das pessoas, além do horário tardio, o líder comunista reconheceu que há menos abertura das pessoas para o contacto político, mas enfatizou a importância da sua realização.
"As pessoas vêm para entrar no limite e quando saem querem ir rapidamente à vida delas. É mesmo assim. Sinto-me bem nestes contactos, porque gosto de pensar que estou entre os meus. É claro que a disponibilidade para falar aqui é menos do que na rua, mas isso não é nenhum inconveniente. Se eu estivesse a sair ou a entrar era a mesma coisa. Este contacto com a realidade é, para nós, muito importante", explicou.
A iniciativa colocou um ponto final na primeira semana de campanha da CDU, com Paulo Raimundo a fazer um balanço "muito positivo", destacando os contactos de rua com as pessoas e a força que recolheu das diversas ações. "É sempre a subir e cá estarão para fazer a prova dos nove que é sempre a subir", concluiu.
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