O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de se estar a vangloriar com a produção do novo modelo elétrico da Volkswagen em Portugal, que garante ter sido "obra do Governo anterior", de António Costa.
"É decisão de um grupo privado, mas antes dessa decisão há toda uma estratégia que foi obra do Governo anterior, em particular do ministro Costa Silva. O que o Governo tem para apresentar de bom hoje, é aquilo que já estava bem há um ano", defendeu Pedro Nuno, esta sexta-feira, em visita à BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.
Já em tom de campanha eleitoral, Pedro Nuno vê as eleições como uma "oportunidade para desbloquear esta situação insustentável" e quer que, até maio, se fale sobre ética, não temendo que o próprio passado seja escrutinado.
"Não temo nada. Se esse confronto existir, não temo nada. O PSD e CDS podem fazer o que entenderem. No que diz respeito ao meu passado, tive a felicidade de ter sido escrutinado como o atual primeiro-ministro não foi na campanha. Tivesse ele sido escrutinado como eu fui, talvez hoje não estivéssemos nesta situação. Esclareci e respondi de forma cabal a todas as questões que me foram colocadas e esse confronto é até bem-vindo", defendeu o secretário-geral do PS.
Quanto a Luís Montenegro, o socialista espera que as "respostas aconteçam" e não se passe o mesmo que aconteceu com a casa de Espinho do primeiro-ministro, com o Expresso a noticiar, esta sexta-feira, que o governante não entregou as faturas relativas à construção da casa à Polícia Judiciária.
"Viemos todos a saber que, final de contas, todo aquele maço de documentos que estava em cima da mesa não foi disponibilizado a ninguém", acrescentou.
Já esta sexta-feira, o primeiro-ministro demissionário veio garantir que entregou "toda a documentação" da casa em Espinho pedida pela PJ.
O inquérito ao licenciamento da casa de Espinho de Luís Montenegro foi arquivado pelo Ministério Público (MP), por não haver indícios de "interferências ilícitas no processo de decisão".
O MP concluiu então "não haver indícios de que a relação administrativa que se estabeleceu entre a administração municipal e o particular em causa tenha excedido o estrito quadro decisório de base técnico-jurídica que a deve pautar".
Quando a polémica se instalou, em dezembro de 2023, Luís Montenegro ainda não era primeiro-ministro e assegurou que não pediu "nem aceitaria qualquer benefício indevido" e que via no inquérito "uma oportunidade de tirar de cima de" si e da sua família "um peso incrível de insinuações, deturpações e calúnias".
[Notícia atualizada às 15h24]
Leia Também: Ferro perplexo com "infeliz" acusação de Aguiar-Branco a Pedro Nuno