CDU centra campanha em salários e pensões e vota sondagens à indiferença

A CDU centrou a campanha no aumento "geral e significativo" dos salários e das pensões, com o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, a condicionar a convergência à esquerda a essa meta, votando à indiferença as sondagens quase sempre negativas.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
07/03/2024 14:10 ‧ 07/03/2024 por Lusa

Política

CDU

A fazer a sua estreia em campanhas eleitorais como líder comunista, depois de suceder a Jerónimo de Sousa há pouco mais de um ano, Paulo Raimundo encabeçou uma campanha feita quase sempre na rua, procurando afirmar-se e dar a conhecer-se aos eleitores, ainda muito familiarizados com o seu antecessor, que guiou durante quase duas décadas o PCP.

Com milhares de quilómetros já feitos a percorrer o país, em especial o Centro e o Sul, mas abrindo e fechando a campanha a Norte (Porto e Braga, respetivamente), Paulo Raimundo definiu um guião do qual pouco se desviou, assente no que denominou simplesmente como os "problemas das pessoas" e apontando o reforço da CDU no parlamento -- onde os seis deputados constituem a sua mais baixa representação -- como a "única solução".

Do aumento dos salários e das pensões, passando pela aposta no investimento público em saúde e habitação, e sem esquecer o combate à pobreza ou os direitos de pais e crianças, Paulo Raimundo evitou quase sempre o comentário a declarações dos outros líderes políticos ao longo das últimas duas semanas, por considerar que não era isso que respondia às necessidades da população.

As raras exceções - como nas palavras do presidente do Chega, André Ventura, sobre um suposto entendimento com "forças vivas" do PSD para um governo de maioria à direita -- em que decidiu falar serviram, sobretudo, para relevar a diferença da CDU. Aqui, invocou o passado de luta contra a ditadura para reiterar a experiência de combate à direita, mas também a importância da sua ação para levar o PS a medidas consideradas necessárias.

Nos ataques aos outros partidos focou sempre a mira nos partidos de direita -- PSD, CDS, Chega e IL -, mas também visou os socialistas, em especial a maioria absoluta dos últimos dois anos. O atual líder comunista vincou as diferenças para o período de 2015 a 2019, em que o PCP aceitou apoiar a 'geringonça', e puxou ao seu partido a responsabilidade por algumas medidas desse tempo, como as creches gratuitas ou a descida do passe social.

Denunciou igualmente na última semana de campanha uma "operação de bipolarização" entre PS e PSD, ao assinalar que a verdadeira bipolarização é entre aqueles que querem o aumento dos salários e das pensões e aqueles que querem continuar na mesma. No entanto, por entre as críticas manteve sempre entreaberta a porta à "convergência" com o PS após 11 de março.

Foi também com indiferença que agiu sempre em relação às sondagens, quer indiciassem uma quebra nas próximas eleições, quer revelassem uma aparente resistência e até um crescimento. "As sondagens condicionam muito e acertam pouco", repetiu constantemente.

A campanha da CDU também não escapou à tendência de apresentação de 'pesos pesados' ou nomes históricos nos outros partidos. Paulo Raimundo recebeu o apoio presencial dos ex-líderes Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas, mas pela campanha passaram ainda Carvalho da Silva, Isabel Camarinha, Domingos Abrantes ou João Ferreira, além de cabeças de lista distritais, como Paula Santos, Alma Rivera, João Dias ou Bernardino Soares.

Depois de uma campanha atípica para a CDU em 2022, em que além das restrições da pandemia se associaram questões de saúde que obrigaram Jerónimo de Sousa a entregar o protagonismo a João Oliveira e João Ferreira, a campanha deste ano regressou à normalidade com Paulo Raimundo, virada para as arruadas e os comícios.

Para domingo, o líder comunista aposta no reforço de votos e deputados da Coligação Democrática Unitária (que junta PCP e PEV), consumando uma nova prova de vida.

Leia Também: Raimundo pede voto na CDU "para que ninguém fique para trás"

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