"Maior de todos os lucros extraordinários é a discriminação das mulheres"
A coordenadora do BE pediu na quinta-feira aos indecisos e a quem está zangado para que não desistam e levem a sua vida "até ao voto", considerando que "o maior de todos os lucros extraordinários é a discriminação das mulheres".
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
Política Eleições
Mariana Mortágua terminou na quinta-feira à noite o penúltimo comício da campanha, na Alfândega do Porto, com um derradeiro apelo ao voto para as eleições de domingo.
"A tanta gente indecisa, a tanta gente zangada, a tanta gente que se pergunta vale a pena ir votar eu peço-vos que não desistam, que levem a vossa vida até ao voto", pediu.
Neste momento, discursou como se estivesse a falar diretamente com cada uma das pessoas que a pudessem estar a ouvir: "decide sobre a tua vida, vota no Bloco de Esquerda".
Mortágua pediu que as pessoas levassem para a mesa de voto consigo no domingo as dificuldades que todos os dias enfrentam com o salário, a habitação, a saúde ou emergência climática ou a igualdade.
Antes, o discurso da líder do BE tinha sido focado precisamente na desigualdade salarial entre homens e mulheres, ironizando que a plateia ficaria desiludida "se acabasse esta campanha sem apresentar umas contas".
"Se considerarmos todas as mulheres que trabalham, com mais ou menos qualificações, estas diferenças salariais querem dizer que a desigualdade poupa às empresas em Portugal sete mil milhões de euros em salários, tirados às mulheres, ao salário das mulheres para engrossar lucros extraordinários na nossa economia", contabilizou.
Para lá de todos os lucros extraordinários que as grandes empresas acumulam em Portugal, "o maior de todos", segundo Mortágua, "é a discriminação das mulheres", uma desigualdade que se estende às pensões porque o "valor médio de uma pensão de velhice dos homens é 50% acima de uma pensão média de uma mulher".
"O deles é pobre depois de uma vida de trabalho, o delas é muito pobre depois de uma vida de mais trabalho", lamentou.
Nas contas da coordenadora do BE, "toda a gente perde com esta discriminação, exceto quem não paga o que devia pagar", considerando que a campanha dos bloquistas é que mais se bate "pela igualdade e pelo respeito".
"Quando peço às mulheres que votem como mulheres é porque a sua voz se fará ouvir em todo o país e é a voz da igualdade. Queremos toda a gente igual em direitos e deveres e a quem nos diz -- e isto acontece - que esta desigualdade acontece, que estes lucros extraordinários acontecem por causa do mérito que elas não teriam, eu respondo: Não se atrevam a insultar-nos", avisou.
Para a dirigente bloquista, "a desigualdade, o privilégio, a prepotência nunca foram nem nunca serão mérito", sendo este abuso da desigualdade "uma vergonha para Portugal e para a democracia".
A pouco mais de 24 horas do período de campanha terminar, Mariana fez uma espécie de viagem por aquilo que foi esta corrida eleitoral de norte a sul do país, elencando as principais causas pelas quais o partido se bateu.
"Leva a tua cabeça erguida, a tua esperança, a tua liberdade e vota no Bloco de Esquerda. Decide", pediu, apelando a um voto de "todos por todos".
Mortágua deixou claro que o voto é o único momento da vida "em que toda a pessoa tem a mesma cruz num papel que um milionário".
"Quando dizemos o que pensamos, nunca haverá ninguém que mande em nós", enfatizou.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
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