Pedro Nuno na derrota promete liderar oposição e renovar PS

O secretário-geral do PS assumiu a derrota face à AD nas legislativas de domingo, adiantando que não obstaculizará a formação desse executivo, mas avisou que liderará a oposição e vai renovar o seu partido.

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Lusa
11/03/2024 02:34 ‧ 11/03/2024 por Lusa

Política

Legislativas

Em território nacional, sem os círculos da emigração, o PS obteve 1,759 milhões de votos, quase menos 542 mil do que nas legislativas de 2022, que venceu com maioria absoluta. Até agora tem apenas 77 mandatos num total de 230 deputados, contra 120 há dois anos.

Ao contrário do que aconteceu nas legislativas de 2022, em que a maioria absoluta de António Costa passou por vitórias em todos os círculos eleitorais, à exceção da Madeira, desta vez o PS de Pedro Nuno Santos voltou a ser derrotado em mandatos no Funchal, mas, também, em Braga, Bragança, Porto, Aveiro e Leiria.

O PS, nas legislativas de domingo, empatou em mandatos com a AD (Aliança Democrática) em Viana do Castelo, Vila Real, Açores e Viseu. Em Portalegre, empatou com o Chega. E empatou em simultâneo com Chega e AD na Guarda, Santarém, Faro, Beja e Évora.  

Os socialistas apenas venceram em Lisboa, Coimbra, Castelo Branco e Setúbal.

Apesar destes resultados, o secretário-geral do PS disse que o seu partido está "forte, unido e coeso", prometeu renová-lo e manifestou-se seguro de que a linha estratégica de oposição não será contestada internamente.

Na sua declaração final, Pedro Nuno Santos assumiu que não obstaculizará a formação de um Governo minoritário da AD, já que não tem uma maioria alternativa para apresentar no parlamento e, por isso, não votará a favor de nenhuma moção de rejeição a esse executivo.

Porém, logo a seguir, separou o plano da formação do Governo da questão da viabilização de instrumentos de politica fundamentais, como o Orçamento do Estado. Interrogado se viabilizará orçamentos à AD, avisou que resistirá a todas as pressões, que "já começaram".

"O PS vai liderar a oposição. Não vai deixar a oposição para o Chega e para André Ventura. A direita ou a AD não contem com o PS para governarem, porque não somos nós que os vamos suportar. E não vai haver divisão no PS", declarou. Mas Pedro Nuno Santos foi ainda mais longe:

"O tempo da tática na política connosco acabou e comigo acabou" - uma resposta que aparentou ser uma crítica indireta ao primeiro-ministro cessante, António Costa.

Durante a noite eleitoral de domingo, foram várias as figuras socialistas, como Ana Catarina Mendes, Fernando Medina ou Manuel Alegre, que recusaram responsabilizar o secretário-geral do PS pela derrota. José Luís Carneiro, que o defrontou na corrida à liderança do PS, recusou-se a comentar os resultados das eleições legislativas.

Já o primeiro-ministro cessante, António Costa, que esteve junto a Pedro Nuno Santos na noite eleitoral, manifestou-se disponível para ser responsabilizado pelo desaire eleitoral do seu partido.

"Todos temos a noção que estas eleições ocorreram depois de dois anos de uma crise inflacionista como o país não via há 30 anos, que foi dura para as famílias e acompanhada por uma brutal subida das taxas de juro -- e a nossa capacidade de resposta manifestamente não foi suficiente. Criou um mau estar geral", assumiu.

Depois, referiu-se às prováveis causas conjunturais do voto "de protesto" no Chega.

"Estas eleições ocorreram num clima de sobressalto, de dúvidas judiciais por esclarecer, o que cria um caldo de cultura próprio para o populismo. Os próximos tempos, com serenidade e com tempo, permitirão apurar aquilo que a subida do Chega tem de voto estrutural - e representa uma mudança de fundo na sociedade de portuguesa - e o que tem de voto de protesto perante uma conjuntura que desejamos que rapidamente se esclareça", afirmou.

Em relação à subida eleitoral do Chega, Pedro Nuno Santos considerou que a extrema-direita teve um crescimento "muito expressivo que não dá para ignorar".

No entanto, na sua opinião, "não há 18,1% de portugueses votantes racistas e xenófobos".

"Há muitos portugueses zangados que sentem que não têm tido representação e aos quais não foi dada resposta aos seus problemas concretos", apontou, antes de traçar a via que propõe para a sua força política.

"Trabalharemos ao longo dos próximos meses, no futuro, para conseguir convencer e voltar a ter connosco todos os que estão descontentes com o sistema político e com o PS. O nosso caminho começa agora, hoje", acentuou.

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