A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, anunciou, este sábado, que a ex-líder do partido, Catarina Martins, será a cabeça de lista dos bloquistas nas eleições europeias, que estão agendadas para o dia 9 de junho deste ano.
"A Catarina Martins é uma das dirigentes da Esquerda europeia com mais experiência e mais reconhecimento. Conhece este país como ninguém, conhece os seus problemas, as suas crises, as suas dificuldades, mas conhece também como poucas o contexto europeu", começou por dizer a responsável no final da reunião da Mesa Nacional do partido, que analisou os resultados das eleições legislativas de 10 de março.
E continuou: "É uma pessoa capaz de articular a Esquerda e os partidos nos movimentos à escala europeia; já o fez no passado, é capaz de o fazer no futuro. A Catarina Martins representa a candidatura mais forte que a Esquerda pode apresentar nas eleições europeias, e é por isso que será cabeça de lista do BE nestas eleições."
A bloquista assinalou que o coletivo acredita, assim, apostar "tudo", uma vez que "o que se joga nas eleições europeias é também a luta contra a extrema-direita, a afirmação de um projeto alternativo para a Esquerda, e não há melhor pessoa para o fazer do que a Catarina Martins".
Mariana Mortágua não deu conta dos votos que ditaram a seleção de Catarina Martins, mas indicou que a bloquista foi escolhida por "uma larguíssima maioria".
Catarina Martins será a cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda às próximas eleições europeias.
— Bloco de Esquerda (@BlocoDeEsquerda) March 16, 2024
Num momento desafiante da vida do país e da Europa, @catarina_mart é a garantia de uma esquerda capaz de se bater por uma Europa da solidariedade, dos direitos sociais e da igualdade. pic.twitter.com/yE7taV9CZQ
Crescimento da extrema-direita é "reflexo do desgaste da governação do Partido Socialista"
Antes, Mariana Mortágua apontou que o Bloco não cumpriu "o objetivo maior e primeiro de afirmar uma alternativa com a Esquerda em Portugal", tendo considerado que ocorreu "uma viragem à Direita com uma radicalização da Aliança Democrática (AD) e da Iniciativa Liberal (IL) que se notou ao longo do discurso da campanha eleitoral, com um crescimento muito preocupante da extrema-direita".
Na ótica da coordenadora do BE, existem diversos motivos por detrás deste fenómeno, entre eles o apoio concedido à extrema-direita por parte das elites económicas, de interesses geopolíticos com expressão internacional e de grupos religiosos. Contudo, a "inegável viragem à Direita" é, para Mariana Mortágua, "um reflexo do desgaste da governação do Partido Socialista (PS), em particular em contexto de maioria absoluta nos últimos dois anos".
"A maioria absoluta do PS não soube dialogar com o país, manteve guerras abertas com grupos profissionais importantes, dos professores às forças de segurança, e não soube resolver crises sociais que se foram agravando e se transformaram em crises políticas", elencou.
A bloquista recordou ainda que, durante a campanha eleitoral, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, optou por "afirmar esse legado", o que contribuiu "para retirar credibilidade a qualquer projeto alternativo que pudesse existir a uma viragem à Direita".
Nessa linha, a economista manifestou o compromisso do BE enquanto "oposição determinada, corajosa e incansável à governação da Direita", que procurará atuar enquanto "força dialogante", por forma a "encontrar convergências com os partidos da Esquerda". Mariana Mortágua disse, assim, que as reuniões solicitadas ao PS, Partido Comunista Português (PCP), Livre e PAN estão a ser agendadas e deverão ocorrer "nos próximos dias".
A AD, que junta o Partido Social Democrata (PSD), o CDS – Partido Popular e o Partido Popular Monárquico (PPM), obteve 29,49% dos votos nas eleições de 10 de março, tendo conseguido arrecadar 79 deputados na Assembleia da República. O PS, por seu turno, amealhou 77 deputados (28,66%), seguindo-se o Chega, com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados desta legislatura. Já o Livre passou de um para quatro eleitos, enquanto a CDU perdeu dois lugares, ficando com quatro deputados.
Sublinhe-se que ainda estão por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontecerá a 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, é que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, indigitará o novo primeiro-ministro.
[Notícia atualizada às 17h53]
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