O líder do Chega, André Ventura, afirmou, esta terça-feira, que é "negativo para a Democracia" que o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, considere que a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital Santa Maria, em Lisboa, "não vai acrescentar nada" e admitiu avançar com uma comissão de inquérito potestativa se não houver acordo com o Partido Social Democrata (PSD).
"É negativo para a Democracia que o líder do PS diga que é um caso muito importante para o país, diga que é um caso que tem de ser esclarecido, que abala a confiança do sistema e dos cidadãos, e diga - ao mesmo tempo - que não vê o que vai acrescentar uma Comissão Parlamentar de Inquérito", afirmou, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.
Em causa, recorde-se, está o facto de Pedro Nuno Santos ter afirmado, numa entrevista à TVI/CNN Portugal, que se está a "banalizar o exercício das comissões parlamentares de inquérito" e que a realização de uma ao caso das gémeas "não vai acrescentar nada".
Para André Ventura, o PS "está empenhado em proteger os seus antigos governantes" e ficou "claríssimo" que o partido "não vai viabilizar esta Comissão Parlamentar de Inquérito".
Manifestando "pena" e "desilusão" com a posição do PS, o líder do Chega admitiu que "esperava um consenso alargado" entre o Chega, o PSD e o PS. Caso o partido liderado por Luís Montenegro, não viabilize a realização da Comissão Parlamentar, Ventura afirmou que "requererá imediatamente" uma comissão potestativa.
"Caso não seja alcançado um acordo até ao final da semana, o Chega, até sexta-feira, irá requerer uma comissão parlamentar potestativa ao caso das gémeas", frisou, reconhecendo que "esta não seria a solução ideal" nem "desejável".
"Os dois maiores partidos [PS e PSD] querem abafar esta investigação, no fundo, por alguma razão. E eu penso que o Parlamento se deve focar em descobrir a verdade num tema que é tão sensível aos portugueses, que é o acesso à Saúde e os favorecimentos políticos no acesso à Saúde", atirou.
O caso das gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em novembro, e está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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