Hugo Soares fez estas críticas logo após ter ouvido a intervenção do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, no encerramento do debate sobre o Programa do Governo, na Assembleia da República.
"Ao ouvir a intervenção que me antecedeu, a do secretário-geral do PS, que afirma não acreditar na projeção macroeconómica do Governo, devo dizer que a seguir, na mesma hora, no mesmo debate, foi capaz de apresentar um elenco de medidas sem dizer quanto custava. Se não fosse só irresponsável, a sua intervenção foi também um ato de hipocrisia política", considerou.
De acordo com o presidente do Grupo Parlamentar do PSD, ouvir o secretário-geral do PS "anunciar a abolição das portagens nas ex-SCUT, com antigos membros do Governo na sua bancada a aplaudir, quando meses antes não foram capazes de decidir, é uma hipocrisia, é uma mentira, é uma falsidade - não é assim que se deve governar o país".
Aplaudido de pé pelas bancadas do PSD e do CDS, Hugo Soares visou sobretudo ex-ministras e atuais deputadas do PS como Ana Abrunhosa ou Mariana Vieira da Silva.
"Onde estavam as senhoras deputadas há seis meses ou há um ano? Já percebi que hoje estão incomodados [na bancada do PS]. O que mina a confiança dos portugueses nas instituições é aquilo que acabou de acontecer. Quem teve a caneta na mão para decidir e não decidiu, levanta-se agora para aplaudir quem anuncia, porque está agora na oposição", concluiu.
Hugo Soares rejeitou depois que o Governo tenha medo de apresentar um Orçamento Retificativo no parlamento e apontou nesse contexto uma contradição ao PS.
"Parece-me antes que há muitas bancadas com medo de votar a proposta de Orçamento do Estado para 2025. Algum português entende que um socialista pretenda que este Governo corrija e emende um Orçamento é era precisamente do PS", questionou.
Na sua intervenção, Hugo Soares considerou que o debate do Programa do Governo revelou uma "estranha dicotomia" política, com o executivo ocupado com a vida das pessoas e "outros" com foco apenas nas maiorias parlamentares.
"Um país real e uma parte do país político com outro foco. Enquanto uns se ocupavam de baixar impostos aos portugueses, sobretudo à classe média, outros preocupavam-se com maiorias parlamentares. Enquanto uns se ocupavam de isentar de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões de Imóveis) e imposto de selo a compra da primeira casa pelos jovens portugueses, outros preocupavam-se com maiorias parlamentares", disse.
Numa alusão à atual composição do parlamento, o líder parlamentar do PSD defendeu que "é no diálogo com todos, conhecendo bem as diferenças, algumas profundas e até insanáveis, que se deve procurar as pontes para a estabilidade política, mas, sobretudo, essencialmente, para a resolução dos problemas das pessoas".
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD abriu o seu discurso fazendo um diagnóstico crítico sobre a atual situação do país.
"Portugal não está bem. Nos últimos anos, o prestígio das instituições foi fortemente afetado, o estado social degradou-se e não conseguiu responder em áreas fundamentais como a saúde, a educação e o acesso à habitação. Famílias e empresa estiveram asfixiadas em impostos, e o que estado tirou em impostos máximos, devolveu em serviços mínimos", sustentou.
Numa alusão indireta ao PS, advertiu que "quem quiser negar esta evidência não pode, não mereceu e não merece ser credor da confiança dos cidadãos".
"Porque negar o estado em o país está, negar as dificuldades e os constrangimentos das famílias e das empresas, é negar o Portugal real", acrescentou.
Hugo Soares terminou a sua intervenção citando a letra de um poema de uma canção da fadista Mariza.
"Algo me diz que a tormenta passará, é preciso perder para depois se ganhar e, mesmo sem ver, Acreditar". Vamos acreditar".
[Notícia atualizada às 12h18]
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