Foi há poucas semanas que se conheceram aquelas que seriam as caras do XXIV Governo Constitucional, que pouco depois tomou posse. Seguiu-se a constituição das equipas, mas Patrícia Dantas, escolhida para ser adjunta do ministro das Finanças, acabou por não assumir funções.
O motivo? Mais uma vez, a Justiça. Há quem se diga "surpreendido", enquanto outros falam de um caso "absolutamente desnecessário.
Recorde-se que a informação chegou pela mão do gabinete do ministro Miranda Sarmento, depois de ser noticiado que a ex-deputada do PSD é arguida num processo judicial, que teve início em 2017.
"Na sequência de notícias veiculadas pela comunicação social, sobre um processo que teve início em 2017 e que está ainda a decorrer nos locais próprios, sem que sobre o mesmo tenha sido proferida qualquer decisão judicial, Patrícia Dantas, mantendo a presunção da inocência que se impõe e após ponderação, comunicou ao Sr. Ministro de Estado e das Finanças que decidiu não assumir as funções de adjunta do Ministério das Finanças", lê-se num comunicado enviado às redações.
Foi na edição de ontem que o jornal Correio da Manhã adiantou que Patrícia Dantas está acusada num processo judicial, já em fase de instrução, de um crime de fraude na obtenção de subsídio.
O que disseram os partidos?
"Demonstra alguma imprudência", diz IL
Seguiram-se, depois, as reações, algumas de surpresa. Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal mostrou-se surpreendido com o facto de o Governo da AD não ter tomado "as precauções necessárias para não se ver envolvido, já no início, neste tipo de questões".
"Confesso que me surpreende um pouco, como é que sendo conhecida a questão judicial que a pessoa em causa tem, não foi feita uma triagem prévia. Embora sempre preservando o princípio da inocência das pessoas", afirmou Rui Rocha, em declarações à RTP3. O líder dos liberais reconheceu que o Governo podia saber que Patrícia Dantas é arguida num processo judicial, que teve início em 2017, e que desvalorizou esse facto ou "então não sabiam e isso é mais espantoso".
"É algo surpreendente que este Governo da AD não tome as precauções necessárias para não se ver envolvido, já no início, neste tipo de questões. Eu penso que demonstra alguma imprudência e espero que o Governo da AD possa corrigir este tipo de comportamento no futuro", afirmou Rocha.
Chega fala de caso "desnecessário" que coloca "novamente em causa" a imagem "que os cidadãos têm em relação aos poderes públicos"
"O Governo tem poucos dias e já foi assolado por casos desta natureza. Esperávamos que a entrada em funções de um novo Executivo, liberto do peso que o PS tinha posto no aparelho de Estado, trouxesse alguma frescura, mas não", criticou o presidente do Chega, numa conferência de imprensa no Parlamento.
Para André Ventura, este caso coloca "novamente em causa a integridade, a credibilidade e a imagem que os cidadãos têm em relação aos poderes públicos". "Espero que este tipo de casos não se repetiam, como aconteceu durante os governos socialistas", acrescentou.
"Não me parece que tenha sido uma escolha sensata", aponta Bloco
O caso parece 'unir' a Direita e a Esquerda. A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, disse que a escolha não lhe pareceu "sensata", mas recusou tecer mais comentários.
"Não me parece que tenha sido uma escolha sensata tendo em conta os processos judiciais atuais da atual deputada do PSD Madeira tê-la convidado para o Governo, essa foi uma escolha do ministro das Finanças, não quero comentar nada além disso mesmo", rematou Mariana Mortágua.
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