A segunda figura da hierarquia do Estado falava aos jornalistas no tradicional desfile do 25 de Abril, que hoje assinala o cinquentenário da Revolução dos Cravos, numa presença inédita, uma vez que é a primeira vez que um presidente do parlamento representa a instituição nesta comemoração popular.
"A democracia é de uma magnífica fragilidade e, por isso, temos de cuidar dela todos os dias. Depende de nós, só de nós, a construção de uma democracia mais sólida e mais forte. E esta é a mensagem que temos que passar: ninguém fará por nós aquilo que nós não estivermos disponíveis para fazer", defendeu José Pedro Aguiar-Branco.
De cravo na lapela, o presidente do parlamento considerou necessário que os cidadãos sintam "que a participação é uma exigência da democracia".
"Mas isto dá trabalho, é uma exigência de participação, é uma construção permanente", salientou.
Interrogado sobre a sua presença no desfile popular -- que contou com uma participação massiva de milhares de cidadãos na Avenida da Liberdade -- o presidente da Assembleia da República e antigo ministro social-democrata salientou que esta é uma "manifestação popular".
"Faz todo o sentido haver a conjugação das cerimónias na Assembleia da República, enquanto eleitos pelo povo, mas também faz todo o sentido dar um gesto simbólico de aproximação entre eleitos e eleitores, que essa é a verdadeira afirmação democrática. E, por isso, a comemoração é na rua e acho que faz todo o sentido estar enquanto presidente da Assembleia da República aqui junto ao povo", considerou.
Aguiar-Branco insistiu na importância de aproximar eleitores e eleitos, mostrando aos cidadãos o trabalho que é feito no parlamento e que envolve "medidas que mexem com a vida das pessoas", além de alguns debates "mais espetaculares".
Questionado sobre se tem sido difícil manter a urbanidade dos trabalhos parlamentares desde que foi eleito, no final de março, Aguiar-Branco respondeu que não, e que o debate democrático "tem decorrido com elevação".
"Tudo o que é dito na Assembleia em termos de expressão da liberdade de opinião, devemos aplaudir. A casa da democracia é o espaço por excelência da liberdade de expressão. O conteúdo do que cada um diz, desde que se mantenha o exercício da urbanidade, acho que é de aceitar. É o que se espera da democracia, é a liberdade de cada um dizer mesmo que possa dizer qualquer coisa contra a própria liberdade. É isso que distingue a democracia da ditadura", apontou.
Aguiar-Branco encontrou-se momentos mais tarde com o presidente da Associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço, com quem trocou algumas palavras e iniciou a tradicional descida da Avenida da Liberdade até ao Rossio.
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