O antigo secretário-geral do Partido Social Democrata Miguel Relvas comentou a aprovação da proposta socialista que prevê o fim das portagens das ex-SCUT, que obteve 'luz verde' no Parlamento esta quinta-feira.
"O Partido Socialista, que esteve oito anos no poder, não extinguiu as portagens. Em 30 dias que tem o Governo que o veio substituir, fez aquilo que não fez em oito anos. Isto é oportunismo", afirmou, no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
O social-democrata fez estas declarações depois de recordar que faz hoje um mês que o Executivo tomou posse. "Hoje achei que íamos falar quase dos 100 dias de Governo. Afinal, são só 30 dias. A intensidade é muito grande", apontou, acrescentando que esta era "previsível".
"Tenho dito à exaustão que o grande problema deste Governo é a maioria com a qual se sustenta e com a estratégia da maioria que não tem", apontou.
Miguel Relvas falou ainda do projeto de lei da Iniciativa Liberal que prevê extinguir o IMT. "Se for extinto, os municípios deixam de receber. E que o Estado central terá que encontrar receita para compensar os municípios. Se me perguntar hoje se eu acho que vai ser aprovado eu não acho. Tenho quase a certeza. Porque à Esquerda e à Direita todos querem ser responsáveis pela descida de impostos. Perante o país, querem ter uma imagem", defendeu.
Relvas considerou ainda que o Executivo não está a ter iniciativa política, e que "está a deixar as oposições" conduzir a iniciativa legislativa.
A aprovação da proposta socialista, que baixou à 6.ª Comissão, aconteceu com a abstenção da Iniciativa Liberal e os votos contra do PSD e CDS. A 'luz verde' foi possível com os votos do Chega, que deixou que já durante a sua campanha eleitoral tinha defendido o fim das portagens. Ainda assim, o líder do Chega apontou a "hipocrisia" do PS - críticas partilhadas por outros partidos.
O Governo já veio apontar o dedo ao PS e ao Chega, acusando os partidos de conluio político ao formarem "uma coligação negativa" no Parlamento para minar a sua ação do Governo, e de atuarem com irresponsabilidade orçamental.
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