Mariana Mortágua falava aos jornalistas na Assembleia da República, altura em que foi questionada sobre a troca de acusações entre o Governo minoritário PSD/CDS-PP e os socialistas sobre a situação orçamental deixada pelo anterior executivo.
"Parece-nos que neste momento se trata muito mais de um jogo de poder e de um ajuste de contas entre PSD e PS que se verifica agora nesta luta sobre as contas, nesta guerra sobre a narrativa das contas, como se verifica no rolar de cabeças sucessivo que temos vindo a assistir em várias instituições, com as direções nomeadas pelo PS a serem demitidas sumariamente para poderem entrar direções próximas do PSD e do CDS-PP", acusou.
Mariana Mortágua salientou que o BE tem sido crítico, nos últimos anos, "da gestão orçamental do PS e à falta de transparência das opções orçamentais" e acrescentou que a Assembleia da República "tem o dever de escrutinar as contas públicas" mas que para tal é necessário ter acesso a elas.
"O governo do PSD não deu um contributo para esse escrutínio quando, por exemplo, no Programa de Estabilidade apresenta cenários macroeconómicos e orçamentais que são os cenários do anterior governo em vez de apresentar as suas contas. Até que o PSD apresente ao parlamento a suas contas, tudo o que sabemos é que há um jogo de ajustes de contas político e não de contas financeiras entre PS e PSD", considerou.
Interrogada sobre se faz sentido ouvir no parlamento o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, audição já pedida pelo PS com caráter de urgência, Mariana Mortágua respondeu que "faz sempre sentido".
"Quanto mais informação e transparência, melhor. Devemos é ouvir sabendo qual o objetivo político do que está em causa", salientou.
Na terça-feira, Joaquim Miranda Sarmento contabilizou hoje em 2,5 mil milhões de euros o total de despesa levada a cabo pelo anterior governo no arranque do ano, que não constava do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).
O governante afirmou que o anterior governo aprovou despesas extraordinárias no valor de 1.080 milhões de euros, sendo 960 milhões de euros depois das eleições legislativas de 10 de março.
Miranda Sarmento voltou a defender que a situação orçamental que o atual executivo encontrou é "diferente daquela que tinha sido anunciada".
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