O Presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco, considera que o Chega "tem a legitimidade para fazer a proposta" para acusar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de "traição à pátria" devido a declarações sobre a reparação às ex-colónias, uma vez que "reúne o número de deputados necessário para o fazer". Além disso, garantiu que, como deputado, sabe "bem" como vai votar.
"Na democracia cabem todas as opiniões, a mãe é a liberdade de expressão", salientou o Presidente da AR, que garantiu que "a situação deve ser resolvida com a maior rapidez possível".
Questionado se concorda com a posição do partido liderado por André Ventura, Aguiar-Branco garantiu: "Eu como Presidente da Assembleia da República não me devo pronunciar, como deputado sei bem como vou votar".
"Sou, e serei sempre, um defensor do prestígio e da dignidade das instituições", garantiu o Presidente da AR. Aguiar-Branco garantiu que a decisão vai ser votada até quarta-feira da próxima semana, já que considera que "não seria aceitável que ficasse a pairar no espaço público a dúvida sobre a proposta do Chega".
Quando questionado se concorda com a questão da reparação, Aguiar-Branco disse que "a história estuda-se, a história respeita-se e a vida mostra que a relação entre os povos se vai fazendo depois, entre aquilo que é o respeito e aquilo que é a história que acompanha, até entre países que hoje são irmãos, ela faz-se com naturalidade".
"Eu não falaria em reparações, falaria em respeito pelo aquilo que é a história desses países e de Portugal. Com esse respeito e essa história, não é difícil encontrar formas em que a amizade e o estreitamento de ligações e o que tem a ver com o futuro se faça com naturalidade", salientou.
"O povo português espera soluções para os seus problemas"
José Pedro Aguiar-Branco considerou que a existência de um Governo minoritário no Parlamento contribui para uma centralidade reforçada na vida política.
Para Aguiar-Branco, o Parlamento tem de "assegurar que o debate democrático se faça de forma o mais equilibrada possível". "O Parlamento existe para ajudar a encontrar soluções. O povo português espera soluções para os seus problemas", afirmou.
Montenegro e Pedro Nuno? "São homens que gostam de assumir riscos"
Sobre os líderes do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, e do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, Aguiar-Branco garantiu que "os conhece" e que são "homens que gostam de assumir riscos".
Como exemplo desses mesmos riscos, o Presidente da AR recordou a escolha da Aliança Democrática (AD) para cabeça de lista das Europeias, Sebastião Bugalho, e da votação das ex-SCUT feita pelo PS.
"Esse gostar de assumir riscos dos dois maiores partidos será o de assumir o risco de chegar a consensos", considerou, lembrando ainda que a sua própria eleição para Presidente do Parlamento foi fruto de um entendimento entre o Governo e o PS.
[Notícia atualizada às 23h47]
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