Pedro Santana Lopes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) entre 2011 e 2017, confirmou que houve conversas no sentido de voltar a assumir funções à frente da instituição, mas "nada que vincule o primeiro-ministro, que é quem nomeia o provedor".
"As conversas no mundo político são como as cerejas: cada vez mais. Não foi nada vinculativo. Houve conversas, pedidos para voltar, mas o Governo escolheu outro caminho. Está escolhido", afirmou, em entrevista à RTP3.
Sobre se esteve em cima da mesa a hipótese de acumular funções - continuando com o cargo de presidente da Câmara da Figueira da Foz e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa -, Santana Lopes esclareceu que "a hipótese foi conversada". "Para mim havia uma coisa sagrada, que era o trabalho na Figueira da Foz", acrescentou.
Não gostei. Ana Jorge entrou comigo quando era provedor, tenho-a em conta como uma pessoa séria, estaria a fazer o seu melhor
Quanto à escolha do economista Paulo Alexandre Sousa como novo provedor da SCML, o também antigo dirigente do Partido Social Democrata (PSD) denotou que "é importante que quem vá agora agora para a Santa Casa, nomeadamente nesta situação tão difícil, tenha conhecimento da casa".
"Se há coisa que eu percebi é que aquela casa é tão variada, tão complexa, que qualquer pessoa precisa no mínimo de seis meses a um ano para ganhar a capacidade para se sentir legitimado e conhecedor para tomar decisões. A Santa Casa agora está em situação de emergência, não invejo a sorte ao novo provedor", acrescentou.
No que diz respeito à saída da antiga provedora da instituição, Ana Jorge, Santana Lopes destacou que "seria cínico se não dissesse que Ana Jorge não foi bem tratada [pelo Governo]". "Não gostei. Ana Jorge entrou comigo quando era provedor, tenho-a em conta como uma pessoa séria, estaria a fazer o seu melhor. Acho que fez o que pode enquanto esteve em funções", frisou.
E continuou: "O Governo tem todo o direito de mudar a equipa. Na minha maneira de ser, não está é a fazer comunicados daqueles em público sobre pessoas que substitua. Mas cada um tem o seu estilo".
Recorde-se que o economista Paulo Alexandre Sousa será o próximo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, após a anterior administração da SCML ter sido exonerada a 29 de abril passado.
A ministra Maria do Rosário Ramalho justificou a decisão de afastar Ana Jorge e a sua equipa por uma "total inação" face à situação financeira na instituição e por não ter um plano de reestruturação para a inverter, tendo ainda acusado a Mesa destituída de se ter beneficiado a si própria com aumentos salariais.
Ana Jorge tomou posse em 2 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.
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