Mortágua reconhece "mau resultado" e aponta "cenário de instabilidade"
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, reconheceu hoje que o partido teve um "mau resultado" nas eleições regionais na Madeira, ao perder a sua representação, e considerou que a região está perante um "cenário de instabilidade".
© Lusa
Política Madeira
"O BE fez uma campanha combativa nestas eleições da Região Autónoma da Madeira, tínhamos regressado ao parlamento nas últimas regionais. Era nosso objetivo manter essa representação, esse objetivo não foi cumprido, o BE teve um mau resultado nestas eleições", reconheceu Mariana Mortágua.
A coordenadora bloquista falava aos jornalistas na sede nacional do partido, em Lisboa, considerando que após o sufrágio na Madeira, a região está perante um "cenário de enorme instabilidade" governativa.
A líder bloquista cumprimentou o Juntos Pelo Povo (JPP) pelo seu crescimento e lamentou o que classificou como uma "derrota para a esquerda", depois de BE e CDU (coligação que junta PCP e Partido Ecologista "Os Verdes") terem perdido a sua representação na Assembleia Legislativa Regional da Madeira.
"É a primeira vez no parlamento regional [da Madeira] que os partidos à esquerda do PS não têm qualquer representação parlamentar", salientou, acrescentando que tal deve "obviamente motivar uma reflexão".
Rejeitando fazer leituras nacionais de um resultado regional, Mariana Mortágua considerou que o BE fez "uma campanha combativa" e garantiu que o partido vai "continuar a lutar e trabalhar para construir esta alternativa política na região autónoma da Madeira".
"O BE está empenhado em continuar a trabalhar e a assumir-se como uma alternativa porque sabemos que ela é necessária. É tão necessário lutar pela habitação, pela transparência, contra a corrupção, sempre o fizemos e continuaremos a fazê-lo certamente com a mesma determinação que fizemos até aqui", assegurou.
Na ótica de Mariana Mortágua a região autónoma da Madeira "teve ao longo dos últimos meses características muito próprias da sua situação política".
"A queda do governo de Miguel Albuquerque, mas uma hegemonia de direita que conhecemos e que é antiga, e que explica também de alguma forma porque é que a direita ainda consegue ir mantendo este poder, mas que dá origem a um cenário de enorme instabilidade, não sabemos o que vai acontecer amanhã", sublinhou.
Segundo informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o BE obteve hoje 1,41% dos votos nas eleições regionais da Madeira, contabilizando um total de 1.912 boletins.
Em 2023, o partido obteve 3.036 votos (2,24%), regressando ao parlamento da Madeira com o deputado Roberto Almada, depois de em 2019 não ter elegido qualquer representação regional.
O PSD venceu hoje as eleições legislativas regionais antecipadas da Madeira, falhando por cinco deputados a maioria absoluta, quando estão apuradas todas as freguesias, segundo dados oficiais provisórios.
De acordo com informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, os sociais-democratas obtiveram 36,13% dos votos e 19 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 47 deputados.
Em segundo lugar, o PS conseguiu 11 eleitos, seguindo-se o JPP, com nove, o Chega, com quatro, o CDS-PP, com dois, e a IL e o PAN, com um deputado cada. Saem da Assembleia Legislativa, em relação à anterior composição, o BE e a CDU.
A maioria absoluta requer 24 assentos.
Estas eleições ocorreram oito meses após as últimas legislativas regionais, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
O PSD sempre governou no arquipélago e venceu com maioria absoluta 11 eleições, entre 1976 e 2015.
[Notícia atualizada às 23h20]
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