"A confirmação da eleição do deputado da CDU para o Parlamento Europeu reveste-se de particular significado, ainda que não corresponda ao que seria necessário para uma maior expressão da defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal nessa instituição parlamentar", afirmou Paulo Raimundo num hotel lisboeta onde está a decorrer a noite eleitoral da CDU.
O secretário-geral do PCP defendeu que o resultado da CDU tem particular significado tendo em conta que foi alcançado "no quadro de uma prolongada campanha de menorização" e de "silenciamento" da sua candidatura, que era apresentada "como a força que não ia eleger".
"Alguns hoje pensavam que hoje iam calcar o desaparecimento da CDU, enganaram-se porque o povo não permitiu que isso acontecesse", disse.
Com o ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa a ouvi-lo na primeira fila, Paulo Raimundo reconheceu que a CDU gostaria de ter conseguido eleger mais eurodeputados - salientando que isso é "uma evidência" -, mas acrescentou que o resultado de hoje dá "confiança redobrada" à coligação.
"Estamos muito confiantes e satisfeitos como resultado que obtivemos. É um grande contributo para a nossa luta, para nosso povo e para os trabalhadores", disse, acrescentando que são também um sinal de que "é possível, mesmo num quadro muito difícil, ultrapassar as dificuldades" e de que "há espaço para alargar, para confiar".
Saudando "a coragem dos que confiaram o seu voto na CDU", Paulo Raimundo garantiu-lhes que "esse voto não vai ser desperdiçado" e "vai ser usado para o que der e vier", designadamente "pelos salários, pelas reformas, pela saúde, pela liberdade, pela democracia, pelo ambiente e pela paz".
"A eleição do deputado da CDU representa a garantia da continuação de um trabalho que, ao longo das últimas décadas, não encontra paralelo em nenhuma outra força política em defesa dos interesses dos trabalhadores do povo e do país, e de uma Europa de paz e cooperação", assegurou.
O líder do PCP salientou que o resultado foi alcançado "depois de uma campanha em que alguns, mais do prestar contas sobre o seu trabalho realizado no Parlamento Europeu, procuraram amarrar a temas supostamente europeus, deliberadamente escolhidos para iludir a relação das consequências do que representam com os problemas concretos que marcam a vida dos trabalhadores e do povo".
Paulo Raimundo disse que "foi com grande esforço, grande empenho, muito contacto, muito esclarecimento, contra ventos e marés" que a CDU conseguiu construir o seu resultado, salientando que isso tem um "significado extraordinário".
"Ainda que os que davam por certo o desaparecimento da CDU vão procurar certamente apressar-se para apresentar como derrota a conquista de um mandato. Isso não ilude o valor do reconhecimento de tantos eleitores que, nestas circunstâncias muito adversas, confirmaram e alargaram o voto na CDU", disse.
Sobre o crescimento da extrema-direita, Paulo Raimundo disse que a CDU tem-na combatido "olhos nos olhos", lamentando que "nem todos tenham seguido o diapasão dessa luta" e recomendando-lhes que "não lhe deem gás, não metam mais gasóleo na fogueira".
Questionado sobre o que é que explica o seu crescimento a nível europeu, o líder do PCP respondeu: "O que explica é os governos prometerem, prometerem, e não resolverem nada da vidas das pessoas".
"Pior, não só não resolvem, como criam ilusões que não correspondem à realidade da vida das pessoas e depois alimentam essas forças e utilizam todos os meios ao seu dispor para as promover", disse.
Por sua vez, o cabeça de lista da CDU às europeias, João Oliveira disse que a coligação continuará a lutar no Parlamento Europeu "pelos salários, pensões, saúde, habitação, educação, defesa da produção nacional e dos setores produtivos, por um Portugal mais democrático, desenvolvido e soberano, numa Europa de paz, progresso social e cooperação".
"Quero apenas dizer-vos que a voz do povo continuará a fazer-se ouvir no Parlamento Europeu, com a intervenção decisiva e distintiva da CDU", disse.
[Notícia atualizada às 00h41]
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