Infraestruturas. PCP responsabiliza "opção política de fundo" por atraso
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu hoje que as infraestruturas em Portugal não avançam devido a uma "opção política de fundo" e não por falta de meios ou condições.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
Política Paulo Raimundo
Numa intervenção na sessão pública organizada pelo PCP no parlamento para debater os investimentos previstos em infraestruturas estratégicas de transportes para o país, Paulo Raimundo apelou também a que haja mais consensos para colocar o país a "andar para a frente" ao nível das infraestruturas.
"O país não anda para a frente porque há uma opção política de fundo que afasta completamente uma coisa que foi aqui dita e que tem uma importância estratégica, que é como é que se planifica o desenvolvimento do país. Qual é o projeto e a quem serve", defendeu o líder dos comunistas.
O secretário-geral do PCP concentrou a sua intervenção nas três obras prometidas pelo executivo no início de maio: a construção do novo aeroporto, a terceira travessia do Tejo e a linha de alta velocidade Porto-Lisboa.
Raimundo defendeu a importância de uma pressão constante das autarquias, especialistas e plataformas cívicas sobre os decisores no sentido de estes anúncios se concretizarem. Sem esta pressão, acrescentou, "o que a história nos demonstra, é que os anúncios não têm passado de anúncios".
Para o líder do PCP, parte destes atrasos prendem-se com a falta de investimento público do país, imposta ao país, dizem, pelas diretrizes da União Europeia às quais "os sucessivos governos se têm submetido".
Lembrou também a privatização da ANA, caracterizando-a como um "crime económico e político" que travou o desenvolvimento do novo aeroporto de Lisboa
"Foi essa opção de privatização que travou esse caminho. Não tivesse sido essa opção e nós podíamos estar hoje de facto numa situação diferente. Não é possível afirmar o que eu vou dizer de forma rigorosa e científica, mas podíamos inclusive estar com a primeira fase do próprio aeroporto construído, do ponto de vista técnico não era impossível", argumentou.
Deixou várias críticas ao modelo das parcerias público-privadas, explicando que são soluções em que o Estado faz os investimentos e o retorno tem como destino os concessionários privados.
"Podia dizer que era um negócio da China, mas está muito para lá do negócio da China. É renda garantida", afirmou.
O secretário-geral dos comunistas afirmou que o país não "pode ficar refém" dos interesses dos acionistas e dos lucros das multinacionais e precisa de traçar o "seu próprio caminho de desenvolvimento".
Esta sessão na Assembleia da República contou, entre outros, com a presença dos bastonários da Ordem dos Engenheiros e da Ordem dos Economistas, os presidentes das autarquias do Seixal, Benavente e Palmela e representantes da Comissão de Trabalhadores da CP e da Infraestruturas de Portugal (IP).
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