"Estas primárias resultam de um truque para tentar desgastar-me"
O autarca de Lisboa e candidato à liderança do PS concede, esta quinta-feira, uma entrevista à revista Visão na qual aborda a crise no BES, considerando que ?ao contrário do que dizem o Banco de Portugal e o Governo, para já, são sobretudo os contribuintes quem está a suportar a solução?. Sobre o PS, Costa afirma que ?muita gente votou? nele nas autárquicas para dar-lhe ?força para assumir outras responsabilidades? e que ?estas primárias resultam de um truque para tentar desgastar-me?.
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Política António Costa
Porque o caso BES é tema do dia, António Costa também comenta a situação na instituição financeira numa entrevista à revista Visão, que será publicada na edição desta quinta-feira. O autarca de Lisboa e candidato à liderança do PS sublinha desde logo que “se o capital resultou, essencialmente, de um empréstimo do Estado, para já, são os contribuintes que estão a suportar o investimento”.
“A questão é a de saber se o recuperam ou não. O facto de o dinheiro ser emprestado pela troika não altera este dado. Quem paga os juros e quem tem de pagar o empréstimo? O Estado, logo, os contribuintes”, afirma Costa, reforçando que “ao contrário do que dizem Banco de Portugal e Governo, para já, são sobretudo os contribuintes quem está a suportar a solução”.
E deixa um alerta. Se “não houver comprador para o Novo Banco, ou o preço for inferior ao valor do empréstimo, os outros bancos têm de reembolsar o Estado”, por forma a “salvaguardar os contribuintes”. A questão é: “os outros bancos conformam-se? E os pequenos acionistas que se viram confinados ao ‘banco mau’, que confiaram nas declarações do Banco de Portugal e do Governo (...) conformam-se? E os credores de obrigações subordinadas, vão aceitar que os ativos do BES lhes sejam subtraídos e postos a salvo no Novo Banco?”.
“Pode ser que tudo corra bem. Espero que sim. Mas não é a solução mágica que nos apresentaram. O Governo tem de explicar como evita estes ‘riscos’”, remata.
Nesta entrevista exclusiva à revista Visão, António Costa afirma ainda que “Portugal tem de mudar a sua postura relativamente à União Europeia (UE) e compreender que, na UE, deve fazer o que outros fazem: defender o interesse nacional” e diz não acreditar “num big bang que seja a reforma da Administração Pública” e assegura que “a preocupação com a dívida não é uma preocupação para a qual” acordou agora.
No que ao PS diz respeito, Costa destaca que “a pior coisa que poderia acontecer era estar nesta campanha como tem estado o secretário-geral do PS”, sustentando que “só se pode contentar com o resultado das europeias quem espera fazer uma coligação com a atual maioria”.
Sobre a sua saída da Câmara de Lisboa assegura que “é, para já, uma questão bastante prematura”, apesar de considerar que “muita gente” votou em si, nas autárquicas, para lhe “dar força para assumir outras responsabilidades”.
Costa diz-se ainda alvo de vários ataques. “Tenho evitado responder aos inúmeros ataques, vários deles, aliás, muito baixos, que me têm sido dirigidos, ou diretamente pelo secretário-geral do PS, ou por alguns dos seus apoiantes, ou por um conjunto de mercenários que trabalham sob a capa de agências de comunicação”.
Além disso, conclui, “o problema é que estas primárias não resultaram das virtudes da modernização do partido, mas como um truque para procurar desgastar-me”.
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