O presidente do Chega, André Ventura, anunciou que o partido vai chamar ao Parlamento "com caráter de máxima urgência" o agora antigo presidente do INEM, Vítor Almeida, "dadas as circunstâncias estranhas e bizarras" da sua demissão, que aconteceu apenas dias depois de ter sido nomeado pelo Governo.
"Estamos perante alguém que, com poucos dias de nomeação e exercício do seu cargo, decide recuar e bater com a porta num instituto tão importante", disse Ventura em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, argumentando que "a gravidade dos factos assenta nas suspeitas que ficam no ar e que são graves, sobretudo em relação ao fornecimento de meios aéreos, helicópteros, para o serviço do INEM".
O líder do Chega, para além de pedir a audição de Vítor Almeida na Assembleia da República, revelou que o partido vai pedir também "toda a documentação de meios aéreos que o INEM teve nos últimos anos".
"Muita desta documentação está no Tribunal de Contas, e por isso tem feito a análise permanente destes documentos. Mas nós, em nome do Chega, vamos pedir que ao Parlamento seja entregue toda a documentação relativamente aos contratos com helicópteros, com os meios aéreos ao serviço do INEM", acrescentou, sem retirar da equação a possibilidade de pedir que seja criada uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso.
"Não excluímos, dado o acumular de suspeitas que têm vindo a ser noticiadas, outros meios de investigação parlamentar. O Parlamento está neste momento a caminhar para o encerramento dos trabalhos este ano, decorre uma CPI que é fundamental, iniciar-se-á outra a 18 de setembro [à Santa Casa da Misericórdia], e o Parlamento deve ter ponderação dos meios a utilizar", disse Ventura, no entanto, empurrando uma eventual CPI ao INEM para depois da pausa dos trabalhos no Parlamento.
O presidente do Chega considerou que "o que se passou no INEM, e nestas demissões, para além de estranhas e bizarras", levantam "as maiores suspeitas em relação ao seu funcionamento e às ligações mais ou menos obscuras a entidades privadas".
Por isso, admitiu estar a ponderar "se faz ou não sentido numa próxima sessão legislativa avançar para uma CPI, mesmo que tenha que ser, novamente, potestativamente pedida pelo Chega".
As declarações de Ventura acontecem numa altura em que o Governo já anunciou que o médico Sérgio Dias Janeiro vai substituir Vítor Almeida no cargo, que ocupou durante apenas alguns dias antes de pedir a demissão porque "não estavam reunidas as condições para assumir a presidência do INEM, por razões profissionais e face ao contexto atual do instituto".
Vítor Almeida, por sua vez, tinha sido nomeado para substituir durante 60 dias o anterior líder do INEM, Luís Meira, que pediu a demissão na sequência da polémica com a renovação do contrato para os helicópteros de assistência médica.
A mesma polémica que levou Almeida a pedir, também ele, a demissão à ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
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