Em declarações aos jornalistas na delegação da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, o vice-presidente do grupo parlamentar socialista, Carlos Silva, disse ser "importante" que o executivo de coligação reconheça "o erro" e "dê instruções à administração da SATA para reverter essa decisão".
Segundo Carlos Silva, o contrato de concessão celebrado entre o Governo Regional e a SATA Air Açores no âmbito da concessão das ligações interilhas 2021-2026, inclui o funcionamento de 16 lojas e a empresa irá encerrar "as lojas nos centros urbanos", passando de 16 para nove.
"E é isso que queríamos destacar aqui hoje, que é uma aparente violação dos termos que estão definidos no caderno de encargos e que foram celebrados entre a SATA e o Governo Regional dos Açores", disse.
Por isso, acrescentou, "é importante [...] que o Governo [Regional] esclareça se, de facto, [perante] aquilo que foi assinado e que está previsto no caderno de encargos, se essa decisão representa uma violação dos termos definidos no caderno de encargos".
"E, se sim, o nosso apelo é que o governo reverta rapidamente essa decisão, porque, além de ser precipitada e insensível, aparentemente não bate certo com aquilo que está definido no caderno de encargos e isso pode representar consequências do ponto de vista legal para a própria companhia e para o Governo Regional dos Açores", alertou.
Contudo, insistiu, "mais importante do que as consequências legais, é que o Governo reconheça, de facto, o erro e que dê instruções à administração da SATA para reverter essa decisão".
Para o PS/Açores isso é "aquilo que deveria ser feito rapidamente, porque é isso que defende, efetivamente, o interesse da região e que protege os açorianos no seu acesso aos serviços da SATA, que são muito importantes e que a distinguem de outras companhias".
Carlos Silva considerou ainda que a decisão do novo presidente da SATA, Rui Coutinho, em encerrar todas as lojas físicas da companhia aérea na região, nos centros urbanos, transferindo todos os funcionários e serviços para os aeroportos, é "precipitada, insensível e pouco estudada".
A medida "vai prejudicar bastante a população mais frágil e mais idosa" e as ilhas de menor dimensão e população, que "não têm muitas alternativas como, por exemplo, agências de viagem presenciais", alertou.
A SATA anunciou em 19 de julho que vai reorganizar, a partir de quinta-feira, o modelo de atendimento, concentrando os serviços de venda de bilhetes, reservas e informações nos balcões do aeroporto e atendimento telefónico, em vez das lojas.
"A partir do próximo dia 01 de agosto, as companhias aéreas do grupo SATA, SATA Air Açores e Azores Airlines, concentrarão os seus serviços de atendimento aos clientes nos Açores (venda de bilhetes, alterações de reservas e informações gerais) nos balcões de aeroporto e através do Contact Center (serviço de atendimento telefónico)", informou.
Segundo a companhia aérea, a reorganização do modelo de atendimento implicará "a transferência dos serviços e dos recursos humanos das atuais lojas", localizadas em centro urbano, "para concentrar, sempre que possível, nos balcões de atendimento nas estruturas aeroportuárias da companhia nos Açores", visando "canalizar esforços para oferecer um serviço de atendimento presencial ou remoto cada vez mais eficiente aos clientes das transportadoras".
A SATA justificou que a reorganização está inserida "num plano mais abrangente e compreensivo que tem como objetivo assegurar a sustentabilidade da empresa a médio e longo prazo".
A medida tem sido criticada por diversas entidades, como partidos, parceiros sociais e autarquias.
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