Num requerimento enviado ao presidente da comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, o deputado social-democrata Miguel Santos, os bloquistas contestam que a aposta na alta velocidade leve o Estado a abrir ao "negócio privado" outras linhas, como as praticadas pelos comboios Alfa e Intercidades.
Para o Bloco, "os comboios Alfa e Intercidades são, tendencialmente, aqueles cuja atividade tem um maior potencial de lucro", apesar de a alta velocidade poder ser "um suporte positivo para compensar as redes regionais, nomeadamente no interior do país, bem como os custos das redes metropolitanas".
No entanto, prossegue o BE, "se a CP ficar limitada na alta velocidade, isto significa que a empresa pública fica com a parte potencialmente deficitária do transporte ferroviário para abrir espaço para o negócio privado de outros operadores".
"Esta decisão do Governo põe em causa a sustentabilidade futura de uma empresa estratégica para o país", considera o partido liderado por Mariana Mortágua, justificando ainda o pedido de audição com declarações de Pinto Luz de que não é "saudável para o mercado o Estado investir tanto em comboios" .
O Bloco de Esquerda considera que a CP é "um elemento estratégico de uma política de transportes voltada para a modernização do país" e lembra o investimento previsto pela empresa na alta velocidade.
"A encomenda de material circulante inclui 14 automotoras para serviços de alta velocidade. O objetivo da empresa pública é ter 14 novos comboios aptos a velocidades de 300 km/h. Estes comboios destinam-se a operar na linha Lisboa-Porto. Dentro do plano de negócios da CP está ainda a opção de compra de mais quatro comboios para quando estiver estabelecida a ligação de alta-velocidade a Vigo e mais quatro para ligação Lisboa-Madrid", refere ainda o Bloco.
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