Um cheque até 200 euros para os pensionistas, um passe de 20 euros mensais para os comboios e mais cursos de Medicina. Foram estas as promessas feitas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na 'rentrée' política do Partido Social Democrata (PSD), que decorreu em Quarteira, no Algarve, na noite de quarta-feira. Houve espaço para as críticas à oposição, que provocaram duras palavras ao Governo.
Luís Montenegro discursou na habitual Festa do Pontal e garantiu que os primeiros meses de governação foram "mesmo de transformação". Ainda assim, reconheceu que há quem queira "dar a entender às portuguesas e portugueses" que o Executivo não está a "a resolver problemas pequenos".
Sobre a oposição, Montenegro salientou a "desonestidade política e intelectual" do Partido Socialista (PS), por ter tentado "criar a ideia" de que o Governo tinha "feito a promessa de que em 60 dias" se iam "resolver os problemas da saúde". "O que é incrível é que aqueles que nos dizem que só estamos a tratar o que é mais fácil foram aqueles que tiveram oportunidade durante oito anos de resolver o que era fácil. A pergunta que nós fazemos é esta: essas pessoas acham que os portugueses são estúpidos? Os portugueses não são estúpidos", atirou.
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— PSD (@ppdpsd) August 14, 2024
Mais médicos, novo passe e suplemento para reformados. Eis as novas promessas
Luís Montenegro anunciou três novas medidas que serão executadas "nas próximas semanas". Na área da Saúde, revelou Montenegro, "vai começar a construção do novo hospital de Lisboa" e vão ser abertas 1.684 vagas anuais para estudantes de Medicina.
Montenegro prometeu um passe para comboios urbanos, regionais e intercidades, que custará 20 euros por mês e, por último, "um suplemento extraordinário aos pensionistas que têm mais baixas pensões". Este suplemento, que será pago no mês de outubro, será de 200 euros para quem tenha pensão até 509,26 euros, de 150 euros para as pensões entre 509,26 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018,52 e 1527,78 euros.
"Não estamos melhor, estamos muito pior". As críticas dos partidos
O discurso de Montenegro provocou várias críticas de todos os partidos políticos, à exceção do CDS-PP, que integra a coligação que suporta o executivo.
O PS defendeu que o discurso de Montenegro "visa apenas desviar a atenção de todos de uma situação de quase descalabro no SNS". "Não estamos melhor, estamos muito pior", acusou a líder parlamentar Alexandra Leitão, considerando que o Governo está num "estado de negação" sobre a Saúde.
O Chega considerou que o discurso no Pontal foi "muito pouco ambicioso, que mais parece de campanha eleitoral". "O primeiro-ministro continua sem reconhecer a sua responsabilidade naquilo que é a instabilidade política que vivemos e talvez seja por isso que não tenha tido uma palavra sobre o Orçamento do Estado", lamentou a deputada Patrícia Carvallho.
Já o líder do partido, André Ventura, escreveu no X (antigo Twitter) que "quando nem o microfone funciona, está tudo dito sobre o estado do país", numa alusão a problemas técnicos que atrasaram o discurso de Luís Montenegro.
Quando nem o microfone funciona, está tudo dito sobre o estado do país 🤭.
— André Ventura (@AndreCVentura) August 14, 2024
A Iniciativa Liberal (IL) rejeitou a ideia defendida por Montenegro de que a saúde está melhor, uma "afirmação manifestamente errada" já que há menos previsibilidade para as grávidas e o plano do Governo "está a falhar", defendeu Mariana Leitão.
O Bloco de Esquerda (BE) viu um primeiro-ministro "deslumbrado por si próprio" e um "Governo que ignora os problemas do país". O líder parlamentar Fabian Figueiredo acusou o Governo de ter "optado pelo caos" e considerou ser sua "responsabilidade exclusiva" o facto de a resposta na saúde ter piorado.
Pelo Livre, Jorge Pinto apontou os "grande anúncios e muita pompa" do Governo, mas criticou o facto de "falhar na resposta aos problemas concretos dos portugueses". "É hoje inegável que o setor da saúde está muito pior hoje do que estava quando o Governo tomou posse", lamentou.
Pelo CDS-PP, o líder parlamentar Paulo Núncio considerou que "em quatro meses é difícil pedir mais a um Governo" que "está a resolver problemas herdados de oito anos" de governação do PS.
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