O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, acusou, na quarta-feira, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, de "irresponsabilidade" por ter tratado o incêndio que assola a região com "negligência e desvalorização" e afirmou que os madeirenses sentem-se "abandonados" e "traídos".
"É de lamentar que não se tenha aprendido nada", afirmou o socialista, em entrevista à CNN Portugal, sobre os incêndios na região da Madeira.
"O próprio presidente do Governo Regional diz que já combateu, enquanto responsável político, 25 incêndios. Isto, mais do que orgulho no currículo, devia ser uma mancha no currículo porque significa que todas as estratégias, nomeadamente as de prevenção, falharam redondamente", acusou.
O socialista afirmou que não se pode "continuar a falhar na prevenção e no próprio combate a incêndios" e lamentou que tenha havido "uma negligência e desvalorização" do incêndio que assola a região há mais de uma semana.
Recordando as palavras de Albuquerque, que na manhã de quarta-feira recusou "alarmismos" e defendeu que a situação estava "segura", Cafôfo questionou "por que razão é que foi obrigado a chamar e a acionar, através do Governo da República, o Mecanismo Europeu de Proteção Civil". "Isto é um sinal de que [o combate] não está a resultar", atirou.
"Estamos a brincar com o fogo, literalmente. E é de uma irresponsabilidade enorme do presidente do Governo", afirmou.
Questionado sobre o "silêncio" do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre a situação na Madeira, Cafôfo afirmou que "é no mínimo exigível" uma "palavra de solidariedade para com os madeirenses". No entanto, "o apoio também não tem vindo do presidente do Governo".
"Quando temos um presidente do Governo que aparece só ao quarto dia do incêndio, tal como o secretário que tem a tutela da Proteção Civil, e depois retoma as suas férias… Diria que não é de um líder", acusou, acrescentando que Albuquerque deveria transmitir "conforto e tranquilidade" aos madeirenses.
"Os madeirenses sentem-se mais do que traídos, sentem-se abandonados pelo presidente da região", frisou.
Sublinhe-se que o incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais. Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 4.930 hectares de área ardida.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.
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