Estas duas interpretações distintas sobre o significado e alcance político das medidas hoje comunicadas pela ministra da Saúde foram transmitidas aos jornalistas no parlamento pelo presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, e pelo líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio.
Ao contrário dos partidos da esquerda e da IL, o líder da bancada do CDS congratulou-se com o conjunto das medidas anunciadas pela ministra da Saúde, em particular com a decisão de se avançar para a constituição de unidades de saúde familiares tipo C, "o que permitirá uma parceria entre o setor público com os setores social e privado".
"Consideramos que esta medida, que constava do programa do Governo, é essencial para reduzir o número de portugueses neste momento sem acesso a médicos de família. Consideramos que esta medida representa uma mudança estrutural face ao que foi feito nos oito anos de governos do PS - anos esses em que, por cegueira ideológica, se procurou concentrar a prestação de serviços médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) com os resultados desastrosos que temos conhecimento", acusou Paulo Núncio.
Para o antigo secretário de Estado democrata-cristão, "o CDS saúda particularmente esta abertura aos setores social e privado, porque é na complementaridade do SNS com os serviços social e privado que é possível prestar melhores cuidados a mais doentes e de forma mais rápida".
Paulo Núncio sustentou ainda que, com este Governo, houve uma prioridade real dada aos doentes oncológicos e que está também em curso uma reforma na área médica maternoinfantil.
"O que é facto é que hoje Portugal deixou de ter listas de espera nas cirurgias oncológicas", acrescentou.
Em sentido diferente, o presidente da IL afirmou que hoje compareceu perante os portugueses "uma ministra da Saúde vencida pela realidade".
"No início deste Governo foram apresentados vários planos para a saúde, de verão ou de emergência. Mas, na conferência de imprensa de hoje, houve uma frase da ministra que demonstra o momento em que estamos do ponto de vista da avaliação do próprio Governo: Disse que há um longo caminho pela frente", assinalou Rui Rocha.
Como tal, segundo o líder da IL, "já não se trata de um plano de verão ou de curto prazo, porque se constatou que com as medidas adotadas não foi possível resolver grande parte dos problemas existentes".
"Quando vemos 40 partos em ambulâncias, pessoas grávidas a fazerem centenas de quilómetros e a serem enviadas de urgência para urgência até encontrarem alguém que as atenda, quando vemos no último domingo 17 urgências fechadas, é sinal que os planos do Governo falharam", advogou Rui Rocha.
O presidente da IL ressalvou que, na ação do Governo no setor da saúde, "pode haver um ou outro ponto positivo", como no caso dos tempos de intervenção na área da oncologia.
"Mas temos de olhar para a realidade no seu todo. Tirando a questão da oncologia, a perceção é que os atrasos nas listas de espera se mantiveram ou pioraram", acrescentou.
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